O que é fato sobre as relações de Lula e do PT com as ditaduras de esquerda?
Ex-presidente tinha relações próximas com Fidel Castro e defendeu a eleição de Maduro e Ortega mesmo com suspeita de fraudes
O ex-presidente Luíz Inácio Lula da Silva demonstrou ter uma relação próxima a várias ditaduras de esquerda no mundo durante os dois mandatos em que ocupou o Palácio do Planalto e depois deles.
Lula conquistou a admiração e a amizade de líderes de países da América Latina, como Cuba, Venezuela e Nicarágua, e aproximou o Brasil de nações comunistas distantes geograficamente, como China e Coreia do Norte.
Cuba
O ditador cubano Fidel Castro morreu em 25 de novembro de 2016. Ele governou a ilha caribenha de 1959, após a Revolução Cubana, até 2008, quando passou o poder ao irmão Raúl Castro, por não ter mais saúde para ocupar o cargo.
A morte de Fidel ganhou repercussão mundial e políticos de diversos países prestaram suas homenagens ao cubano. Na época, o ex-presidente do Brasil chamou o ditador de "companheiro insubstituível" e comparou a morte do amigo com a "perda de um irmão mais velho".
"Sinto sua morte como a perda de um irmão mais velho, de um companheiro insubstituível, do qual jamais me esquecerei", disse Lula em um comunicado publicado em seu site oficial.
Nas redes sociais, o político brasileiro compartilhou com seus seguidores um vídeo em que escreve na parede "Viva Fidel".
A ilha caribenha foi destino de quatro viagens oficiais de Lula no período em que foi presidente do Brasil. O político petista foi o mandatário brasileiro que mais fez viagens diplomáticas, com um total de 139 compromissos em outros países.
Em 2021, Cuba enfrentou o maior levante da história desde a tomada do poder por Fidel Castro e seus aliados. No dia 11 de julho a população ocupou as ruas das principais cidades da ilha para pedir democracia e melhores condições de vida.
Ainda que a ação tenha sido duramente reprimida pelas Forças Armadas e pela polícia local, o que resultou em centenas de prisões, inclusive de menores de idade, Lula não condenou a repressão. Além de minimizar a mobilização, ele atribuiu a situação do país comunista ao embargo imposto pelos Estados Unidos.
Coreia do Norte
O governo Lula se aproximou de outra ditadura comunista, mas desta vez do outro lado do mundo.
Em 2006, o Brasil estreitou relações diplomáticas com a Coreia do Norte e os dois países assinaram diversos acordos comerciais.
Em 2009, o Brasil instalou a embaixada na capital norte-coreana Pyongyang, algo raro visto que pouco mais de 20 países têm representação no território governado por Kim Jong-un.
China
Outra ditadura comunista que contou com apoio e admiração do ex-presidente Lula foi a China.
Em entrevista a jornalistas chineses, Lula disse que a ditadura comunista de mercado da China era um “exemplo de que é possível cuidar da população por meio de um governo sério e com responsabilidade para com o seu povo”.
Na mesma entrevista, Lula também fez elogios ao Partido Comunista chinês. Quando foi questionado sobre o baixo desempenho econômico dos países-membros do Brics (Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul) em comparação com os resultados obtidos pelo governo chinês, o petista respondeu:
“A China tem um partido, que é resultado da revolução de 1949 do Mao Tsé-Tung. A China tem poder, um Estado forte que toma decisões e que as pessoas cumprem. Coisas que não temos no Brasil”.
Venezuela
A Venezuela, país vizinho ao Brasil e que passa por uma grave crise econômica e humanitária há anos, contou com o apoio de Lula e de seu partido. Os venezuelanos são governados por uma ditadura de esquerda que teve início com Hugo Chávez e que segue na mesma linha com Nicolás Maduro no poder.
Quando Maduro venceu as eleições, em 2013, o PT publicou nota em que saudava a vitória e dizia ter recebido a notícia com "muita alegria".
"Recebemos com muita alegria o relatório do Conselho Nacional Eleitoral da Venezuela, cuja correção foi confirmada pela missão observadora da Unasul, declarando que Nicolás Maduro venceu as eleições por 50,66% dos votos, contra 49,07% de seu opositor".
Em 2019, quando o opositor Juan Guaidó declarou-se presidente interino da Venezuela, Gleisi Hoffmann defendeu Maduro e disse que ele havia sido eleito democraticamente. Além disso, criticou Bolsonaro e Trump por terem reconhecido Guaidó como presidente legítimo.
Nicarágua
No ano passado, o PT divulgou uma nota saudando a vitória de Daniel Ortega, na Nicarágua, em uma eleição contestada e sem o reconhecimento da comunidade internacional. Dias depois, a nota foi retirada do ar.
O partido do ex-presidente classificou o resultado das urnas na Nicarágua de “uma grande manifestação popular e democrática”.
Em oposição às manifestações de outras autoridades internacionais, a publicação destacou o “apoio da população a um projeto político que tem como principal objetivo a construção de um país socialmente justo e igualitário”.
Em uma entrevista, Lula comparou o período em que Angela Merkel comandou a Alemanha com a sequência de quatro mandatos de Ortega para justificar a vitória do esquerdista: “Por que a Merkel pode ficar 16 anos no poder e o Daniel Ortega não?”.