Política

Lula deve nomear Boulos para ministério quando voltar dos Estados Unidos

Deputado federal mais votado em SP em 2022 deve assumir Secretaria-Geral

Por R7 24/09/2025 09h09
Lula deve nomear Boulos para ministério quando voltar dos Estados Unidos
Lula apoiou candidatura de Boulos à Prefeitura de SP em 2024 - Foto: Ricardo Stuckert/Presidência da República

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deve nomear o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL-SP) como ministro da Secretaria-Geral da Presidência, como informaram ao R7 fontes próximas do assunto.

A nomeação deve ocorrer nos próximos dias, quando Lula voltar de Nova York, nos Estados Unidos. O petista está no país desde domingo (21), para a Assembleia Geral da ONU (Organização das Nações Unidas). Ele retorna ao Brasil nesta quarta (24), com previsão de chegada a Brasília na quinta (25).

A pasta, responsável pela articulação entre governo e movimentos sociais, é comandada atualmente por Márcio Macêdo.

O R7 apurou que o presidente pensa em indicar algum parlamentar próximo à militância para o posto, para reaproximar a gestão da “base”, em meio ao que aliados veem como um afastamento. A mudança mira, ainda, as eleições do próximo ano.

Boulos foi da coordenação nacional do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) por mais de 10 anos e mantém estreita relação com os movimentos até hoje.

Em 2022, foi o deputado federal mais votado em São Paulo, com pouco mais de 1 milhão de votos. Em 2024 e 2020, chegou ao segundo turno da disputa pela Prefeitura de São Paulo, mas perdeu nas duas vezes.

No ano passado, com apoio de Lula, foi derrotado pelo atual prefeito Ricardo Nunes (MDB). Boulos teve 40,65% (2.323.901 votos), contra 59,35% do oponente (3.393.110 votos).

Há cinco anos, o psolista perdeu para por Bruno Covas (PSDB), morto em 2021. Boulos conquistou 40,62% do eleitorado paulistano (2.168.109 votos), e Covas, 59,38% (3.169.121 votos).

Críticas públicas ao ministro

Uma eventual saída de Macêdo do cargo começou a ser veiculada no início deste ano, em meio a mudanças de Lula na Esplanada dos Ministérios.

A gestão de Macêdo no ministério é criticada por aliados e pelo próprio presidente. A troca no comando do ministério concretizaria uma jornada de reclamações contra Macêdo.

O presidente reivindica publicamente melhor atuação do ministro desde o primeiro ano de governo. As críticas ocorreram em, ao menos, três ocasiões.

Em dezembro de 2023, no Natal dos Catadores, Lula pediu “menos discurso e mais entrega” a Macêdo e cobrou dele a organização dos pedidos do grupo.

No 1º de Maio do ano passado, em meio a um evento esvaziado, o presidente chegou a dar uma bronca pública no ministro.

“Não pensem que vai ficar assim. Vocês sabem que ontem eu conversei com ele sobre esse ato e disse ‘Márcio, esse ato está mal convocado’. Nós não fizemos o esforço necessário para levar a quantidade de gente que era preciso levar”, reclamou, então.

Neste ano, Lula não compareceu a eventos do 1º de Maio. Para não arriscar ir a uma cerimônia com pouco público, como ocorreu no ano passado, o petista optou por um pronunciamento em rede nacional de televisão e rádio.

Em julho de 2024, durante reunião do CIISC (Comitê Interministerial para Inclusão Socioeconômica de Catadoras e Catadores de Materiais Reutilizáveis e Recicláveis), Lula cobrou maior participação de ministros em eventos do governo e pediu que Macêdo acompanhasse a presença dos colegas.

“Eu tenho muita preocupação porque a gente cria muita reunião interministerial. Eu sou informado das reuniões e nem todos os ministros participam das reuniões. Às vezes, participa da primeira. Na segunda, já manda um segundo colocado [do ministério]. Na terceira, manda um terceiro colocado. Na quarta, manda um quarto colocado. Primeiro, é preciso que quando houver reuniões, todos os ministros que fazem parte têm que participar. E você [Márcio Macêdo] tem a responsabilidade de pegar o telefone e ligar para cada ministro”, criticou.

Apesar das reclamações públicas, Lula elogiou a realização do G20 Social, organizado por Macêdo. O evento antecedeu a Cúpula do G20 no Rio de Janeiro (RJ), em novembro do ano passado.

A iniciativa inédita discutiu temas prioritários com ampla participação da sociedade civil organizada. O modelo será replicado pela África do Sul, presidente neste ano do G20, grupo que reúne as maiores economias globais e as uniões Europeia e Africana.