Saúde

Vacina terapêutica contra o câncer do colo uterino apresenta bons resultados em testes pré-clínicos

Aplicado em duas doses, o imunizante poderá tratar tumores em estágios iniciais; entenda como funciona a tecnologia da vacina

Por Agência FAPESP 04/04/2022 16h04
Vacina terapêutica contra o câncer do colo uterino apresenta bons resultados em testes pré-clínicos
Vacina contra HPV: uma imunização que ajuda a prevenir o câncer de colo de útero e outros tumores - Foto: Reprodução

Pesquisadores do Instituto de Ciências Biomédicas da Universidade de São Paulo (ICB-USP) trabalham no desenvolvimento de uma vacina terapêutica que se mostrou, em camundongos, capaz de eliminar tumores associados ao papilomavírus humano (HPV), o principal agente causador do câncer do colo do útero.

O estudo, divulgado no International Journal of Biological Sciences, mostrou que, quando associado à quimioterapia baseada em cisplatina, o imunizante induziu uma resposta capaz de eliminar tumores em estágio avançado de desenvolvimento, sem causar danos ao fígado e aos rins nem induzir perda de peso em animais, ou seja, sem toxicidade. Os pesquisadores fazem agora a prova de conceito clínica em humanos.

A investigação é conduzida em dois laboratórios do ICB-USP, coordenados pelos professores José Alexandre Marzagão Barbuto e Luís Carlos de Souza Ferreira. Conta com a participação de pesquisadores da ImunoTera Soluções Terapêuticas e o apoio da Divisão de Ginecologia do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da USP. O grupo recebeu financiamento da Fapesp por meio de sete projetos.

O trabalho foi desenvolvido ao longo dos últimos anos em um modelo experimental de roedores. A aplicação do imunizante em humanos é feita de forma indireta. Uma amostra de sangue é retirada da paciente e, em laboratório, as células dendríticas (que fazem parte do sistema imune) são isoladas e ativadas in vitro com o imunizante.

Ao retornarem à paciente através de uma injeção, as células dendríticas "ensinam" o sistema imune a reconhecer e eliminar as células tumorais ou neoplásicas (precursoras dos tumores) presentes no colo uterino.

Devido ao longo caminho regulatório que deve ser percorrido até que o imunizante seja aplicado em larga escala nas pacientes, o método indireto possibilitou a realização da prova de conceito clínica e a validação dos resultados alcançados nas duas últimas décadas de pesquisa.