Covid -19

Covid-19: especialistas nos EUA recomendam vacinas da Pfizer e da Moderna para bebês

Vinte e um especialistas foram unânimes em considerar que os benefícios superam os riscos de vacinar crianças a partir dos 6 meses de vida com os imunizantes em questão

Por R7 15/06/2022 21h09
Covid-19: especialistas nos EUA recomendam vacinas da Pfizer e da Moderna para bebês
Vacina da Pfizer será administrada em três doses para reduzir efeitos colaterais - Foto: NELSON ALMEIDA/AFP - 14.01.2022

Um comitê de especialistas dos Estados Unidos se pronunciou nesta quarta-feira (15) favoravelmente à aplicação de vacinas contra a Covid-19 dos laboratórios Pfizer e Moderna em crianças com idade entre 6 meses e 4 anos, um primeiro passo crucial para a sua autorização.

Durante debates transmitidos ao vivo pela internet, os membros desse painel de consulta revisaram os dados dos testes clínicos disponíveis realizados pela Pfizer em crianças de 6 meses a 4 anos e pela Moderna em menores de 6 meses a 5 anos.

Como em muitos países, essa é a última faixa etária que ainda não tem acesso a essa proteção.

Em duas votações, os 21 especialistas foram unânimes em considerar que os benefícios de vacinar essa faixa etária superam os riscos.

Com base nesses pareceres favoráveis, a FDA (agência americana de medicamentos), cujas decisões são referência em nível internacional, poderia conceder sua autorização.

Depois, cerca de 10 milhões de doses seriam enviadas imediatamente para as diferentes regiões do país, que seriam seguidas por outros milhões nas próximas semanas, informou o governo dos EUA.

A vacinação poderá começar na semana de 20 de junho, assim que os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) derem o aval. Os especialistas dos CDC se reunirão na sexta-feira (17) e no sábado (18).


Doses adaptadas

A dose foi adaptada: um quarto da dos adultos para Moderna (25 microgramas, em vez de 100) e um décimo para Pfizer (3 microgramas, ante 30).

A principal diferença entre os dois produtos é o número de injeções necessárias para a proteção ideal: a vacina da Moderna continuará sendo administrada em duas doses, com um mês de intervalo; a da Pfizer, em três, devido à baixa dose escolhida para reduzir efeitos colaterais em bebês, como febre. Um representante da empresa esclareceu, porém, que serão feitos estudos sobre uma terceira dose de reforço.

No caso da Pfizer, a imunização será realizada em três aplicações: as duas primeiras com três semanas de intervalo, e a terceira, oito semanas após a segunda.

Vários especialistas enfatizaram que as crianças não ficariam bem protegidas com duas doses de Pfizer e teriam que esperar a terceira – ou seja, meses – antes disso.

As vacinas são seguras e eficazes, de acordo com a FDA, que publicou sua própria análise dos ensaios clínicos na semana passada para fornecer uma base para as discussões dos especialistas.

De acordo com uma estimativa preliminar, a vacina Pfizer-BioNTech tem 80% de eficácia contra as formas sintomáticas da doença. Mas esse índice é baseado em um pequeno número de casos positivos, disse a FDA.

A da Moderna demonstrou ser 51% eficaz em bebês de 6 meses a menos de 2 anos, e 37% eficaz em crianças de 2 a 5 anos.

Os números são consistentes com a eficácia observada em adultos contra a variante Ômicron, segundo a agência americana. No entanto, a vacina continua protegendo bem contra formas graves de Covid-19.


Impaciência e ceticismo

Em relação aos efeitos colaterais, um quarto das crianças que receberam a dose da Moderna apresentou febre, principalmente após a segunda dose. A febre passava depois de um dia.

No caso da Pfizer, a febre observada foi semelhante entre os vacinados e os que receberam placebo.

Alguns pais estão ansiosos pela possibilidade de vacinar seus filhos pequenos, mas outros ainda estão céticos.

De acordo com uma pesquisa da fundação Kaiser Family, desde o início de maio, apenas um em cada cinco pais de uma criança menor de 5 anos (18%) disse que vacinará o mais rápido possível; 38% vão esperar para fazê-lo e os demais se opõem, a menos que seja obrigatório.

Embora os mais jovens sejam menos vulneráveis à Covid-19 e o risco para eles seja baixo, cerca de 480 crianças menores de 4 anos morreram da doença nos Estados Unidos.

As taxas de hospitalização também aumentaram acentuadamente para essa faixa etária durante a onda de contaminação da variante Ômicron. No total, houve 45.000 crianças menores de 5 anos hospitalizadas nos Estados Unidos desde o início da pandemia, das quais um quarto esteve em terapia intensiva.

As crianças são menos vulneráveis à Covid-19, mas podem pegar e transmitir a doença. Tal como os adultos, podem sofrer de sintomas a longo prazo (Covid longa). Em casos raros, também podem desenvolver quadros graves de síndrome inflamatória multissistêmica pediátrica.