Cultura

Abertura do Festival Quilombagem é marcada pela comemoração de 10 anos de Jurema de Zé Pilintra

A abertura aconteceu no salão do Pai de Santo Arismilton Oxóssi Aquerãn, no bairro Cafurna, no último sábado (12)

Por 7 Segundos 14/11/2022 10h10 - Atualizado em 14/11/2022 13h01
Abertura do Festival Quilombagem é marcada pela comemoração de 10 anos de Jurema de Zé Pilintra
Comemoração de 10 anos de Jurema de Zé Pelintra - Foto: Weverton Bruno/7Segundos

No último sábado (12), foi realizada a abertura do primeiro dia de evento quilombagem de cultura afro. A abertura aconteceu no salão do Pai de Santo Arismilton Oxóssi Aquerãn, no bairro Cafurna, em Palmeira dos Índios.

O evento que contou com a organização do Conselho Municipal de Cultura Afro aconteceu por volta das 19hrs recebeu convidados de Estrela de Alagoas, como a mãe Susane Cristina e diversos pais, mães de santo de outros terreiros . Além disso, a festa foi em comemoração aos 10 anos de Jurema que é o altar do Zé Pelintra .

O festival quilombagem tem o objetivo de quebrar os paradigmas da sociedade com a parte religiosa da cultura afro. A equipe do Portal 7 Segundos esteve no local  acompanhou a comemoração e entrevistou os convidados e representantes.

O pai de santo Arismilton de de Oxóssi Aquerãn que faz parte da religião desde os 5 anos de idade destacou a importância da comemoração a Zé Pilintra:



“É com imenso prazer que eu abro minhas portas para divulgar um pouco da minha religião, da minha cultura e desse cara maravilhoso que vive na minha vida desde os 5 anos de idade. Tá com 10 anos que a gente fez a Jurema dele aqui nessa mesma casa mesma residência.Seu Zé pra mim é tudo, é ensinamento, é caminho é a verdade. É um cara que ensinou a viver não só a mim mas a minha família e a todos aqueles que me rodeiam.

Ele comentou sobre o preconceito que as religiões de matriz africana enfrentam na sociedade:

“Eu acho que eu demorei muito para divulgar quem eu sou. Preconceito vem junto. Muita gente diz que a gente é filho do diabo, filho do demônio. A gente é uma casa, eu abro minhas portas para todos, para os meus filhos, minha família, clientes. Chegou o momento da gente mostrar que o candomblé tem força. Vamos divulgar mais e acabar com esse preconceito que é horrível e mostrar que nós temos força e união”, destacou.

Já o pai de santo Messias de Oxóssi destacou o crescimento da religião afro no Brasil:


“É uma religião que mais cresce no Brasil, é uma religião africana que veio pra cá junto com os negros nas senzalas, nos navios, e a gente abraçou. Somos uma religião que só apoia quem vem de fora para procurar a gente. A escravidão foi uma coisa que chegou aqui no nosso país muito pesada. Então os orixás que eram negros aproveitava e aproveitava na cor dos santos para dar cor e fazer suas obrigações, suas oferendas” .A gente só traz animação para que cada vez mais a cultura chegue no nosso município que o respeito chegue até a gente que acabe esse negócio de preconceito de gente que discrimina a religião um do outro e falta com o respeito a nossa religião do Candomblé, disse”.

Mãe Lourdinha diz que não pretende parar e que só tem amor pela religião:

“Enquanto eu estiver viva eu vou continuar a minha estrada. Eu tenho muito amor. Comecei com 7 anos de idade hoje eu já me encontro com 63 anos e tenho muito amor. Só tenho agradecer a Deus e aos nossos orixás. Somos muito criticados, somos apedrejados, ignorados. Acham que nós espiritistas somos do demônio, mas somos filho de um pai só, o nosso Deus onipotente. Tudo só existe nessa terra com a permissão dele. Vamos levar com amor, com carinho e eu peço que respeitem a gente do mesmo jeito que a gente respeita eles. Do mesmo jeito que eles tem amor a religião deles a gente tem ao nosso.”

Eduardo Felinto que faz parte do Conselho Nacional de Cultura afro diz que o evento é um marco para a cultura afro em Palmeira:


“É um marco em Palmeira um evento de 9 dias sobre a cultura afro brasileira. Estamos aqui representando o Fórum afro de Palmeira que é formado por grupos culturais que trabalham coma cultura afro e por casas religiosas de matrizes africanas. Faz quase 2 meses que esse grupo se formou tá se fortalecendo e o objetivo deles é um fortalecer o outro para combater esse preconceito e o racismo.O quilombagem vem forte, vem para ficar. Esse evento é para mostrar para a sociedade que a cultura afro Palmeirense é forte, sempre teve aqui e tem que ser respeitada”, afirmou.

O presidente do Conselho de Cultura afro de Palmeira dos Índios, Leonardo Ferreira destacou que o evento vem para trazer união e quebrar tabus:


“O conselho vem com intuito de trazer mais a união de casa para casa. O vento vem para fortalecer e trazer as pessoas que não são do meio. A festa é pra abranger mais a mente das pessoas em relação ao preconceito. Quebrar tabus e ter essa miscigenação”.

Por fim, Emerson Ruan que é filho de Santo do Pai Arismilton fala sobre o orgulho de em ser do Candomblé:


“Ser do Candomblé é um a religião de cultura negra, uma religião de raiz, de ancestralidade. É muito orgulhoso porque a gente leva no peito, no sangue, no coração de onde eu venho, de onde eu nasci e de onde eu sou. O mesmo respeito que a gente tem pelo amém tem que ter pelo nossos axé. Pra quebrar o preconceito, a intolerância, a injúria racial. Ser do candombe é ser da caridade, humanidade, ser da simbologia africana, pontuou”.