Iran Silva

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Iran Silva

Qual o preço do silêncio?

15/01/2015 10h10

O século 21 nasceu numa sociedade baseada na informação. Diante da rapidez de informações que é praxe nas redes sociais observamos vez ou outra, publicações voláteis que assim como aparecem, somem na mesma velocidade. Ou de tão rápidas passam despercebidas.

Em uma dessas publicações ficou no ar como espumas ao vento, a insinuação de que veiculo de informação que destoa dos demais, é porque não renovou contrato com a atual administração. No afã de defender o que muitas vezes não se tem defesa, foi dito e ficou a duvida pairando. Será?!

Em nossa região são raros os meios de comunicação e os profissionais que mostram os problemas por que passam as administrações. É como se fosse o típico comportamento da família do interiozão, escondendo que um parente tem câncer. Todo mundo sabe, mas a família nem o nome da doença chamam, dizem simplesmente, CA.

Ao dar uma rápida passada nos sites e nas rádios locais percebemos nitidamente que nada do que o povo já sabe (lembra-se da rapidez da informação via redes sociais?) é dito de forma clara e dentro do que se propõe o papel da imprensa e seus ‘formadores de opinião’, que é ser o mais isento possível e levar os fatos às pessoas de forma direta e objetiva.

Suspeita-se que quando a municipalidade fecha contrato de patrocínio, fecha-se também uma series de outras coisas e incentiva-se de forma contundente o silencio como norma fundamental de levar a ‘informação’ ao populacho.

Antes do advento das redes sociais era muito difícil saber ‘das coisas’ em tempo real, esperava-se o radio ou o jornal para noticiar. Hoje, mesmo com maquiagens, cortes editoriais, ação previa de censura, entrevistas com perguntas pré-programadas e desqualificação dos que ainda tentam informar, há em favor do publico as redes sociais e seus ‘informantes’. Ou seja, de nada ou pouco adianta tentar policiar a realidade, pois ela é constantemente exposta para quem possa ter acesso a ela. Dá-se a impressão de que com o patrocínio fechado, se comprou a linha editorial, a grade de programação, os elogios velados, o silêncio escorchante, a camaradagem e a contrapropaganda. O que é lamentável.

Neste contexto, a imprensa ainda seria o quarto poder?

Em uma sociedade democrática o papel da imprensa é fundamental para manter o equilíbrio entre a realidade e o boato. “Não há como conceber democracia sem uma imprensa livre e vigorosa. A imprensa é um dos canais por meio dos quais a sociedade civil se manifesta, emite opiniões, troca informações, vigia, denuncia e cobra dos três poderes clássicos o perfeito funcionamento daquilo que entendemos como democracia.” [Jorge Werthein -

Representante da UNESCO no Brasil, 8 de julho de 2004].
Portanto, é esperar que a imprensa seja pautada pela ética e pela verdade, não pelos recursos que a mantêm.
Esta é a minha opinião.

“Imprensa é oposição. O resto é armazém de secos e molhados” Millôr Fernandes.


 

Sobre o blog

Aquariano, funcionário do Ministério da Saúde e universitário do curso de História da UNEAL. Natural de Arapiraca.

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