Fábio Lopes

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Fábio Lopes

Por que as mulheres são tão violentadas? Por quê?

10/11/2015 11h11

Fico perplexo com a violência contra as mulheres. Diz o ditado popular: “quem ama não mata, não maltrata”.

Não é o que vemos, o que ouvimos e o que lemos. A violência contra a mulher é fato, é cruel, é sangrenta. Uma guerra civil e social.

As agressões saem de dentro de casa. Do relacionamento amoroso. Da obsessão obstinada do ciúme, do poder de posse que os homens ainda têm sobre as mulheres.

É uma questão cultural, social. Que nada. Tudo pode evoluir. Tudo pode mudar, crescer, frutificar para o melhor. Então, por que esta questão não avança?

A divulgação do Mapa da Violência 2015, no início da segunda semana de novembro, revela situações assombrosas e de alívio.

A primeira, é a posição de Maceió, capital de Alagoas, como a segunda cidade mais violenta contra a mulher no país. O estudo aponta que são mais de 10 homicídios por 100 mil mulheres. O mesmo acontece em Vitória (ES) e Fortaleza (CE).

A segunda, é que Arapiraca, no Agreste de Alagoas, saiu do mapa desde quando ocupou, em 2012, o quinto município brasileiro com pior índice de violência contra a mulher com um saldo de 21,4 mulheres assassinadas para 100 mil habitantes. Este ano a cidade não foi citada. Mas, a violência contra mulheres continua por aqui, ainda.

O estudo de autoria do sociólogo argentino naturalizado brasileiro, Julio Jaboc Waiselfisz, é publicado pela Faculdade Latino Americana de Ciências Sociais (Flacso). Os dados assustam.

Homicídios femininos

De 2003 a 2013 são dez anos sangrentos que tem a mulher como a principal vítima. Nesse período, segundo o estudo, o número de mulheres mortas saltou de 3.937 para 4.762. Um aumento de 21% nesses dez anos. As mortes em 2013 representam que no Brasil 13 mulheres são assassinadas por dia.

Desde a implantação da Lei Maria da Penha, apenas em cinco estados registraram queda nas taxas de homicídios de mulheres: Rondônia, Espírito Santo (embora Vitória, a capital seja considerada a mais violenta), Pernambuco, São Paulo e Rio de Janeiro.

Entre os dez municípios que ocupam as dez primeiras posições no ranking nacional, a cidade de Pilar, em Alagoas, ocupa a 8ª posição. Só perde para os municípios de Pojuca e Itacaré, ambos no estado da Bahia.

Mas, o Mapa da Violência inclui seis municípios alagoanos dos 100 municípios com mais de 10 mil habitantes do sexo feminino e que tem as maiores taxas de homicídio de mulheres são:

- 1º Pilar - em 8ª posição no ranking nacional, com percentual de 17,4% de mulheres mortas;
- 2º Santana do Ipanema - em 15ª posição no ranking nacional, com percentual de 16,3% de mulheres mortas;
- 3º Marechal Deodoro - em 37ª posição no ranking nacional, com percentual de 13,5% de mulheres mortas;
- 4º Cajueiro - em 38ª posição no ranking nacional, com percentual de 13,5% de mulheres mortas;
- 5º Craíbas - em 63ª posição no ranking nacional, com percentual de 12,1% de mulheres mortas e;
- 6º São José da Laje - em 64ª posição no ranking nacional, com percentual de 12,1% de mulheres mortas.

Cor e idade das mulheres

As mulheres assassinadas, em sua maioria, são negras. Em 2003, o índice cresceu 22,9%. Em 2013, pasmem, subiu 66,7%. Nesses dez anos, o aumento foi de 190,9% na morte de mulheres negras.

Na idade, a maior incidência são mulheres de 18 a 30 anos de idade. O estudo chama de maior domesticidade da violência contra a mulher. É assustador.

De que se mata e onde se mata

O estudo indica que 48,8% das mulheres são mortas com arma de fogo. Mas, o aumento das mortes é por estrangulamento/sufocação, cortante/penetrante e objeto contundente, indicando maior presença de crimes de ódio ou por motivos fúteis/banais.

O local da morte das mulheres é dentro de casa com um percentual de 27,1%. Mesmo tendo um número considerado expressivo de 31,2% com mortes na rua.

O sociólogo aposta numa evolução lenta porque é preciso mudar a mentalidade machista do homem. Mesmo com a implantação da Lei Maria da Penha em vigor no país.

“A lei é um marco importante porque facilitou a forma de se denunciar abusos e transferiu o ônus da prova para o agressor”, diz Julio Jacob Waiselfisz, que completa: “A lei precisa ser implementada de forma apropriada, e o caminho é longo”.

Mas, avanços já estão acontecendo. Denuncie. Não se cale. Não aceite um tapinha, um empurrão porque são trilhas para o caminho do homicídio.

Por que as mulheres são tão violentadas? Disque três números apenas e peça ajuda: 180.


 

Sobre o blog

Jornalista formado pela Universidade Católica de Pernambuco. Assessor de comunicação da SMTT Arapiraca, professor de Comunicação e Expressão do Senac Arapiraca. Blogueiro com experiência em TV, Rádio, Impresso, Online e Assessoria de Comunicação nos Estados de AL, PE e MA.

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