Tabelão do 7

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Clubes que chegaram a Série A e sumiram do cenário nacional

10/02/2016 10h10
Clubes que chegaram a Série A e sumiram do cenário nacional

Você certamente se lembra do São Caetano, não é? Muitos se recordam também do Santo André e do Ipatinga, que importunaram muitos grandes clubes. Com menos fama, mas com o mesmo prestígio, Brasiliense e Grêmio Barueri também escalaram a montanha do futebol nacional e chegaram à Série A do Campeonato Brasileiro no século XXI. O que todos esses clubes têm em comum? Agora, nenhum deles têm mais divisão.

Com bala na agulha, uma nova potência

O São Caetano confirmou seu calvário ao final da série D em 2015, após empatar sem gols com o Botafogo de Ribeirão Preto em jogo de volta das quartas de final da Série D. Derrotado no primeiro confronto, deixou escapar a chance de subir para a Série C. Como não disputa sequer a Série A1 do Campeonato Paulista, o clube não tem chances de retornar à Série D no ano que vem e está oficialmente sem divisão a partir de 2016.

Atualmente, o clube do ABC Paulista não lembra em nada a grande sensação do início do século: nos últimos três anos, foram três rebaixamentos.

Apadrinhado pela prefeitura e por empresários da cidade, o São Caetano cresceu de maneira obscura no futebol brasileiro, de acordo com informações da Folha de S. Paulo. Em 2000, o clube se aproveitou do regulamento confuso da Copa João Havelange para despontar de vez e chegar à elite do futebol nacional. Vice-campeão do Módulo Amarelo (equivalente à Série B), a equipe subiu no mesmo ano para disputar a fase final do Campeonato Brasileiro. Após eliminar Fluminense, Palmeiras e Grêmio, chegou à final contra o Vasco e acabou derrotado. No ano seguinte, dessa vez disputando toda a competição entre os grandes, foi novamente finalista do Brasileirão, vencido pelo Atlético-PR.

Em 2002, quase a glória eterna: o Azulão chegou à final da Libertadores, mas novamente amargou o vice-campeonato após perder para o Olimpia, do Paraguai. Em 2004, sob o comando de Muricy Ramalho, finalmente um título: o Campeonato Estadual. No final do ano, porém, uma tragédia. O zagueiro Serginho, ídolo do clube, morreu depois de sofrer uma parada cardiorrespiratória durante jogo contra o São Paulo, no Morumbi. O caso chocante fez o time perder 24 pontos no campeonato, saindo do G-4 para brigar contra o rebaixamento.

Desde então, o clube perdeu força e apoio e o rebaixamento aconteceu dois anos depois. Ainda assim, a ex-equipe sensação já havia conquistado seu espaço no futebol brasileiro. Chegou a permanecer sete anos na Série B, vez por outra brigando pelo acesso, até a queda livre a partir de 2013: da B para a C, da C para a D, da D para a o limbo.


 

O clube-empresa

História similar, em menores proporções, viveu outro clube do ABC Paulista, o Santo André. Sem suporte e com uma folha salarial de R$ 250 mil, a equipe conquistou de forma surpreendente a Copa do Brasil de 2004, derrotando o Flamengo no Maracanã. Após o título, o time ganhou fama e se estruturou para, em 2007, se transformar em clube-empresa.

O início da nova fase, porém, foi terrível: rebaixado no Campeonato Paulista, o clube conseguiu se ajustar ao longo da temporada e permaneceu na Série B do Campeonato Brasileiro. No ano seguinte, atrás somente do Corinthians, foi vice-campeão da Segundona e chegou à tão sonhada elite do futebol brasileiro.

A nova realidade não durou muito: o Santo André acabou rebaixado em 2009 e, mesmo vice-campeão Paulista em 2010, caiu novamente de divisão, amargando a Série C em 2011. Em 2012, o clube não se aguentou na Terceirona e adicionou novo rebaixamento à sua história. A queda, dessa vez, foi a gota d’água para um modelo que já não estava dando certo e o clube-empresa foi desfeito. Em 2013, foi eliminado nas oitavas de final da Série D e, desde então, não figura mais entre os privilegiados times que possuem divisão no Campeonato Brasileiro.

Quem pagar mais, leva

Quem subiu para a Série A de 2009 junto com o Santo André foi o Grêmio Barueri, clube que explodiu de forma meteórica no cenário nacional graças a apoio de empresários do interior paulista. Contudo, ao confirmar o acesso para a elite, no final de 2008, o clube também se transformou em empresa, mudando o nome para Grêmio Recreativo Barueri Ltda.

Debutante na Série A, a equipe não fez feio e se classificou para a Copa Sul-Americana. Ao final do campeonato, porém, o clube viveu uma das piores facetas de um clube-empresa, sem torcida e sem tradição: foi vendido para investidores de Presidente Prudente e, em 2010, passou a se chamar Grêmio Prudente.

Sob o novo nome, a equipe não repetiu o sucesso do ano anterior e foi rebaixada para a Série B. Não demorou muito e o clube aceitou outra proposta de venda: por R$ 20 milhões, retornou à cidade de Barueri e pegou o antigo nome de volta. Quem não voltou, porém, foi o sucesso: em quatro anos, o clube viveu quatro rebaixamentos, tanto a nível nacional quanto a nível estadual. Hoje, o Barueri disputa somente a Série A3 do Paulistão e não vai voltar tão cedo a uma divisão do Brasileirão.

A filial que superou a matriz

Outra equipe que ascendeu rápido no futebol brasileiro foi o Ipatinga. Em 2004, o clube do interior mineiro, que já recebia apoio da prefeitura, fechou uma parceria com o Cruzeiro para utilizar os jogadores que a Raposa não aproveitava, funcionando como uma espécie de “filial”. No ano seguinte, sob o comando de Ney Franco, a filial superou a matriz de forma surpreendente e venceu o Campeonato Mineiro.

Em 2006, ainda com a parceria do Cruzeiro, foi vice-campeão estadual e semifinalista da Copa do Brasil. No meio do ano, porém, o clube-filial rompeu relações com a matriz. Ainda assim, conseguiu o acesso para a Série B. Na temporada seguinte, foi vice-campeão da Segundona e chegou à Série A. Sem experiência na competição e com um elenco fraco, acabou rebaixado e, desde então, se transformou no maior ioiô do futebol brasileiro: ficou dois anos na Série B antes de cair para a Série C, em 2010. Subiu logo para a Série B no ano seguinte, mas não durou muito e tão pronto voltou à Terceirona.

No ano de 2013, em crise e sem apoio municipal, tornou-se mais uma equipe nômade e transferiu sua sede para Betim. Sob o novo nome, ficou na oitava colocação da Série C, mas acabou excluído da competição após denúncia do Comitê Disciplinar da FIFA, relacionada a uma transferência irregular feita em 2006. Ao acionar a justiça comum para recorrer da decisão, foi rebaixado para a Série D por decisão do STJD.

O imbróglio destruiu o clube de vez. Em 2014, já de volta à cidade de Ipatinga, mas ainda com o nome de Betim, fez a segunda pior campanha da Série D e desapareceu do mapa do futebol brasileiro. Sem disputar a elite do Campeonato Mineiro, é outra equipe que não deve retornar tão cedo ao cenário nacional.

O time do senador

Presidido por Luís Estevão, ex-senador do Distrito Federal, cassado em 2000 por suposto envolvimento em desvio de verba, o Brasiliense foi fundado no início do século já com dinheiro para investir e gana de subir.

Em 2002, foi vice-campeão da Copa do Brasil ao ser derrotado pelo Corinthians em final polêmica. No final da temporada, conquistou a Série C. Não demorou muito e, dois anos depois, o clube candango ficou com o título da Série B.

Na Série A de 2005, sem estrutura adequada, apostou em “medalhões” do futebol brasileiro e não se segurou, retornando à Segundona. Permaneceu cinco anos na Série B, conseguiu chegar à semifinal da Copa do Brasil de 2007, mas voltou a disputar a Série C em 2011. Dois anos depois, foi rebaixado para a Série D e, sem conseguir o acesso em 2014, tornou-se mais um time sem divisão.

A situação desses cinco clubes escancara dois problemas do futebol brasileiro. O primeiro deles é a relação entre clubes e empresários/investidores. Por mais que o dinheiro seja um fator gigantesco no mundo capitalista em que vivemos, o futebol ainda tem como principal combustível a paixão. Portanto, é muito difícil que clubes sem tradição e sem torcedores conquistem um lugar ao sol somente à base de mecenato. Alguns até chegaram lá, mas sucumbiram ao fracasso em um caminho que parece quase sem volta.

O segundo problema é a ausência de um calendário decente no Campeonato Brasileiro. Se a questão já afeta os grandes clubes, é muito pior para os pequenos. Em um país de dimensões continentais como o nosso, com tantas equipes de menor porte – algumas delas, porém, com história e torcida fiel em seus estados –não pode haver apenas quatro divisões.

É preciso criar novos níveis no futebol nacional para manter as equipes em atividade o ano todo e, também, tornar mais difícil o desaparecimento meteórico de clubes. São Caetano, Santo André, Grêmio Barueri, Ipatinga e Brasiliense conseguiram chegar à Série A e viveram seus dias de glória antes de irem para o limbo.

Exemplos de outros clubes que já jogaram a Série A e estão sem série

América-RJ

Operário-MS

Nacional-AM

Desportiva-ES

Bangu-RJ

CSA-AL

Gama-DF

Comercial-MS

Mixto-MT

Tiradentes-PI

Sergipe-SE

Internacional-SP

Rio Negro-AM

União São João-SP

Americano-RJ 

Uberaba-MG

Brasília-DF

Rio Branco-ES

Moto Clube-MA

Anapolina-GO