Blog do André Avlis
CSE 0 x 1 ASA - A Série D não é um teatro
Esperar espetáculos em jogos do Brasileirão da Série D é utopia
O texto é sobre o jogo de ontem. Mas serve para hoje, amanhã e sempre.
A vitória do ASA contra o CSE trouxe todo o contexto do que o Brasileirão da Série D tem em características. Para mim, como sempre dito, comentado e escrito, "é a mais complexa das divisões do futebol brasileiro".
São jogos mais táticos, corridos e brigados. Há muito mais transpiração que inspiração. Não há, necessariamente, primor no aspecto técnico - o que não implica na inexistência do mesmo, pois ele existe.
O clássico, além de ilustrar muito bem o plano de jogo do time do técnico Jota (principalmente no lance do gol), reproduziu o que pede a 'cartilha' da competição: aplicação tática, consistência defensiva, combatividade, competitividade, eficiência e entrega.
Sem tais itens, certamente a revés é iminente. E o ASA já sentiu isso na pele.
O diretor de futebol, Rogério Siqueira, em entrevista no fim da partida, pontuou e criticou a atuação do time no segundo tempo. Além de afirmar que vai buscar reforços, "porque time que quer ser campeão não pode jogar como jogou na segunda parte do clássico".
Discordo em partes, mas respeito.
Sem dúvidas, o time do ASA precisa evoluir no aspecto técnico. Especialmente na retenção de bola e nas ações ofensivas - o último passe - que finalizam as jogadas. E reforçar o time nunca é demais.
Uma das dificuldades do time alvinegro é controlar o jogo sendo proativo quando está á frente do placar. Na percepção de que ter a bola também é um ato estratégico e defensivo. Pois é possível comedir e até mesmo dominar as ações ou o ímpeto do adversário.
No entanto, antes de tudo, é necessário perceber as circunstâncias da partida.
O time do ASA é um time reativo. Tem em seu padrão tático a estratégia de ser compacto, ter as linhas defensivas justas e variar defensivamente entre a marcação em bloco médio e baixo.
Com isso, torna-se consequentemente um time mais vertical. Um estilo de jogo que possibilita uma transição ofensiva com velocidade, entre estocadas e progressão no movimento de ataque (o gol da vitória contra o próprio CSE ilustra a estratégia).
Nesse jogo, em específico, havia um adversário que se lançaria ao ataque de todas as formas em busca do empate. Já o ASA fez o que já se sente 'confortável' sob o comando do técnico Jota: defendeu.
Logicamente o time tem necessidade de evolução em alguns aspectos. Como sempre falo: vitórias escondem erros. Com certeza, nesses fatores, essa não foi a primeira e nem será a última.
Ainda assim, o time fez o que é necessário - principalmente no ponto de vista tático. Jogou um jogo de Série D como deve ser jogado. E disputado.
Esperar um espetáculo em uma competição com suas particularidades complexas é ilusão. O torneio em si não traz, em campo, a plástica ou beleza de um palco. Muito menos a primazia de uma peça com seu roteiro e encenação predefinidos, coordenados e ensaiados para que haja exatidão.
Seria utopia esperar tudo isso. Até porque a Série D não é um teatro.