Cada vez mais próximo de Lula, trocando afagos a cada nova reunião em que participa, Arthur Lira (PP) está próximo de continuar comandando cargos importantes em Alagoas, apesar do seu partido, o PP, ainda não ter indicado nenhum ministro para o novo governo.

A negociação por cargos de primeiro escalão até existiu num primeiro momento, quando o PP e demais partidos do centrão chegaram a pedir o Ministério da Saúde em troca da aprovação da PEC da transição. Com a resistência de Lula e posteriormente a derrubada da obrigatoriedade da PEC pelo STF, o assunto murchou e Lira calou-se sobre o assunto.

Lira sabe que o seu tamanho nos próximos quatro anos depende das eleições que ocorrerão na Câmara dos Deputados. Caso seja reconduzido para mais dois anos à frente da Casa do Povo, o deputado sabe que será mais fácil negociar a manutenção de postos estratégicos no governo federal.

E o plano A de Arthur é a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Parnaíba (Codevasf). Com habilidade, Lira pode até faturar um espaço maior do que tinha com Bolsonaro, levando a empresa estatal de “porteira fechada” - jargão usado quando a liderança indica todos os cargos em um órgão.

Em Alagoas, a superintendência da empresa pública vem sendo exercida pelo primo de Arthur, o ex-prefeito Joãozinho Pereira. Lira e Joãozinho mudaram o eixo de atuação da Codevasf em Alagoas, transformando a estatal em uma fornecedora de infraestrutura para os municípios, abastecida com as emendas RP-9 - que acabaram.

Mesmo sem o chamado “orçamento secreto”, a Codevasf ainda é interessante para Lira, pois continuará recebendo emendas individuais dele e de outros deputados, continuando assim intermediando melhorias nos municípios e dividendos com os prefeitos.

A divisão e distribuição dos cargos de segundo e terceiro escalões começa a ser desenhada após as eleições na câmara e senado, e as indicações para as comissões temáticas das duas casas. Portanto, até lá, Lira ainda tem bastante elogios a trocar com Lula.