Blog do André Avlis

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O Brasil condena o racismo sofrido por Vini Jr. na Espanha, mas é tão racista quanto

A cada 23 minutos, um jovem negro é morto no Brasil

23/05/2023 16h04 - Atualizado em 23/05/2023 17h05
O Brasil condena o racismo sofrido por Vini Jr. na Espanha, mas é tão racista quanto

Um garoto de 22 anos, negro, está se tornando símbolo de uma luta diária, secular. Gigantesca. 

Vinícius Jr. apontou o dedo na cara de uma sociedade racista e olhou nos seus olhos para avisar que "Chega!".

Se tornou símbolo de imponência através da sua intolerância contra o intolerável - uma afronta para quem usa o preconceito como arma.

No entanto, o mesmo país que se orgulha de Vini por sua força, tenta esconder que é tão Espanha quanto o próprio Brasil.

A clara manifestação de que é muito melhor apontar erros do que se olhar no espelho e ver uma íntima semelhança.

O Brasil é racista! Só não admite.

Um lugar com um mal estrutural arraigado e enraizado originário de um período escravocrata que em seu pós jogou o povo preto à próprio sorte.

Sem saúde, moradia, segurança e educação. Desumanizando e arrancando a dignidade de um povo.

Ações orquestradas que se tornaram discriminação racial sistemática presentes nas estruturas sociais, atuantes e vigentes.

Deixando uma ferida aberta que produz um abismo social pungente. Basta ver e perceber quem são e onde estão os mais pobres e miseráveis, quem ocupa os subempregos, quem é discriminado diariamente e quem é morto a cada 23 minutos.

O Brasil vive um Apartheid em em seu cotidiano e se cala diante disso. Um modus operandi criado através da falsa "democracia racial". Um mito criado para dizer que há igualdade onde nunca teve.

Por isso, é importante se juntar a Vini nessa luta. Mas antes disso, é preciso combater o mesmo racismo praticado por aqui. 

Se olhar no espelho e admitir que nosso país é tão racista quanto a Espanha.