Considerada um dos maiores símbolos da cultura popular, a cachaça continua a ocupar lugar de destaque nas rodas de amigos e nos momentos de confraternização pelo país. No último 13 de setembro, a bebida ganhou ainda mais relevância com a celebração do Dia Nacional da Cachaça, data que coincidiu com o aniversário da Rota da Cachaça, iniciativa que consolidou o Agreste alagoano como destino turístico de referência, e com o encerramento da Arena dos Engenhos, em Arapiraca, um dos maiores festivais dedicados à bebida. Entre os nomes de maior prestígio nesse cenário está a Destilaria Gogó da Ema, que se tornou sinônimo de excelência e inovação. Apesar do nome remeter a um dos cartões-postais de Maceió, a sede do engenho está localizada em São Sebastião e já coleciona 55 prêmios nacionais e internacionais, conquistados em três continentes.

Fundada pelo engenheiro Waldir Ferreira Tenório – falecido em 2024 – a empresa hoje é administrada pelo seu filho, Henrique Tenório, que mantém viva a tradição familiar aliando modernidade e técnicas sustentáveis. A produção anual varia entre 30 e 50 mil litros, distribuídos em 16 rótulos e edições especiais. “Temos rótulos premiados em todo o mundo, mas cada consumidor encontra na cachaça o sabor que mais lhe agrada. Isso é o que torna a bebida tão democrática”, destaca Henrique, lembrando que a versão Alquimia, envelhecida por 12 anos, é considerada o carro-chefe da casa, mas divide espaço com lançamentos recentes que conquistaram novos paladares.

Entre tradição e inovação

O catálogo da Gogó da Ema traz equilíbrio entre tradição artesanal e práticas inovadoras. Rótulos como a Ouro em Bálsamo e a Umburana, que somam em torno de 18 mil garrafas comercializadas anualmente cada, são também responsáveis por grande parte das premiações. Para além da produção, a destilaria aposta em sustentabilidade, reaproveitando resíduos e aplicando técnicas modernas de destilação em alambique de cobre. De olho no futuro, a empresa prepara novidades no segmento premium, com lançamentos que incluem uma cachaça de 15 anos de envelhecimento e outra desenvolvida em blend de sete madeiras. Também estão em expansão as linhas de bebidas mistas e licores, estratégias voltadas para atrair consumidores jovens e diversificar o público.

A força da Rota da Cachaça

A inserção da Gogó da Ema na Rota da Cachaça reforça o protagonismo do Agreste no turismo cultural e gastronômico. Criada pela Instância de Governança do Agreste com apoio do Sebrae Alagoas, a rota busca descentralizar o fluxo de visitantes do litoral para o interior, oferecendo experiências autênticas em engenhos locais. Atualmente, os engenhos recebem cerca de 50 turistas por fim de semana, número que tende a crescer com a integração ao programa Destinos Conscientes, da Embratur. Além da Gogó da Ema, fazem parte do circuito o Engenho Caraçuipe (Campo Alegre), a Brejo dos Bois (Junqueiro) e a Taverna Beer (Arapiraca). “Cada visita é uma oportunidade de mostrar nossa história e valorizar a identidade cultural do Agreste”, afirma Henrique, que vê no turismo uma extensão natural da atividade produtiva.

Sebrae: parceiro estratégico

Por trás do crescimento das cachaçarias alagoanas, a presença do Sebrae é apontada como fator determinante. Desde os primeiros passos da Gogó da Ema, a instituição esteve presente oferecendo capacitação em logística, exportação e boas práticas de produção, além de programas como o Empretec. “A busca constante por conhecimento foi o que nos diferenciou no mercado. E o Sebrae sempre esteve ao nosso lado nesse processo”, afirma Henrique Tenório. Para a presidente da Instância de Governança do Agreste, Evânia Albuquerque, o apoio da instituição foi essencial para consolidar o roteiro. “O Sebrae acreditou no potencial turístico da cachaça e ajudou a levar nossos engenhos para os principais eventos do país. 

Isso permitiu que a rota ganhasse visibilidade e reconhecimento nacional”, explica. Assim, o que começou como a paixão de uma família pelo ofício da destilação se transformou em um case de sucesso empresarial e cultural, capaz de unir tradição, inovação e turismo, projetando o Agreste alagoano no cenário nacional e internacional.

Matéria elaborada a partir de informações disponibilizadas pelo Sebrae Alagoas e produtores locais, sob o olhar da jornalista Patrícia Bastos.