Natação
Jornalista critica Igreja e lembra o caso dos padres pedófilos
Na análise de Sérgio Malbergier, Bento 16 não fez quase nada para reaproximar a igreja de seu rebanho<br />
16/02/2013 11h11
Redação com Folha de São Paulo
A renúncia surpresa do Papa Bento 16 revela, segundo o jornalista Sérgio Malbergier (Folha de São Paulo) a mais profunda crise da Igreja Católica. Para ele a Igreja está assolada por escândalos e a concorrência que não para de crescer. "O catolicismo recua em seus bastiões mais fortes, inclusive e principalmente no Brasil", escreveu.
No texto, publicado na última quarta-feira (14), o jornalista apresenta dados oficiais como os do Censo que apontaram que os católicos no Brasil despencaram de 89% da população brasileira em 1980 para 65% em 2010. E lembra que a instituição é um poder que encolhe rapidamente diante da modernidade e da investida evangélica, tão espiritual quanto midiática, muito mais aparelhada que o tradicionalismo católico para exaltar como benção o novo consumismo brasileiro, 'que, afinal, é o que nos separa dos brasileiros de antigamente'.
Na visão de Sérgio Malbergier, o Papa Bento 16 não fez quase nada para reaproximar a igreja de seu rebanho. Pelo contrário. A oposição firme ao uso de preservativos, a manutenção firme do celibato, a oposição firme ao homossexualismo, a limitação firme do lugar da mulher, a condenação frouxa dos imperdoáveis casos de abuso sexual na própria Igreja afastaram e afastam europeus, americanos e latino-americanos.
Em relação ao Brasil, o texto explica que Bento 16 mostrou-se pouco capaz de impedir a corrosão no país com maior número de católicos do mundo, 123 milhões: 1 em cada 10 católicos do mundo é brasileiro. "O Papa esteve aqui em seu breve papado, sem comover como João Paulo II, e viria de novo na jornada da juventude neste ano. O que mostra que a Igreja está ciente do perigo que corre no Brasil", alfineta o jornalista.
A matéria da Folha ainda destaca a onda de denúncias contra clérigos que abusaram sexualmente de coroinhas e outras crianças e jovens que frequentavam as igrejas. Nos Estados Unidos, no México e na Europa, os estragos são irrecuperáveis, do campo espiritual ao judicial e financeiro.
Só nos EUA, um dos países com maior população católica do mundo, à frente de Itália, França, Espanha e Polônia, foram mais de 3.000 ações na Justiça contra a Igreja, que teve de pagar mais de US$ 2 bilhões em compensações. Várias dioceses pediram falência.
Lembrou ainda da notoriedade do caso dos três líderes católicos de Arapiraca. "Dois monsenhores, um de 83 anos, e um padre foram acusados por ex-coroinhas de abusarem sexualmente deles quando ainda eram menores. Em 2011, o octogenário foi condenado a 21 anos de reclusão e os outros dois, a 16 anos. Recorreram na Justiça e foram expulsos da Igreja. O caso só explodiu em 2010 após a divulgação na TV de vídeo do idoso monsenhor fazendo sexo oral com uma das vítimas. Foram até ouvidos pela midiática CPI da Pedofilia. E ficou por aí. Não houve investigação sistemática por parte de ninguém", finalizou.
A renúncia surpresa do Papa Bento 16 revela, segundo o jornalista Sérgio Malbergier (Folha de São Paulo) a mais profunda crise da Igreja Católica. Para ele a Igreja está assolada por escândalos e a concorrência que não para de crescer. "O catolicismo recua em seus bastiões mais fortes, inclusive e principalmente no Brasil", escreveu.
No texto, publicado na última quarta-feira (14), o jornalista apresenta dados oficiais como os do Censo que apontaram que os católicos no Brasil despencaram de 89% da população brasileira em 1980 para 65% em 2010. E lembra que a instituição é um poder que encolhe rapidamente diante da modernidade e da investida evangélica, tão espiritual quanto midiática, muito mais aparelhada que o tradicionalismo católico para exaltar como benção o novo consumismo brasileiro, 'que, afinal, é o que nos separa dos brasileiros de antigamente'.
Na visão de Sérgio Malbergier, o Papa Bento 16 não fez quase nada para reaproximar a igreja de seu rebanho. Pelo contrário. A oposição firme ao uso de preservativos, a manutenção firme do celibato, a oposição firme ao homossexualismo, a limitação firme do lugar da mulher, a condenação frouxa dos imperdoáveis casos de abuso sexual na própria Igreja afastaram e afastam europeus, americanos e latino-americanos.
Em relação ao Brasil, o texto explica que Bento 16 mostrou-se pouco capaz de impedir a corrosão no país com maior número de católicos do mundo, 123 milhões: 1 em cada 10 católicos do mundo é brasileiro. "O Papa esteve aqui em seu breve papado, sem comover como João Paulo II, e viria de novo na jornada da juventude neste ano. O que mostra que a Igreja está ciente do perigo que corre no Brasil", alfineta o jornalista.
A matéria da Folha ainda destaca a onda de denúncias contra clérigos que abusaram sexualmente de coroinhas e outras crianças e jovens que frequentavam as igrejas. Nos Estados Unidos, no México e na Europa, os estragos são irrecuperáveis, do campo espiritual ao judicial e financeiro.
Só nos EUA, um dos países com maior população católica do mundo, à frente de Itália, França, Espanha e Polônia, foram mais de 3.000 ações na Justiça contra a Igreja, que teve de pagar mais de US$ 2 bilhões em compensações. Várias dioceses pediram falência.
Lembrou ainda da notoriedade do caso dos três líderes católicos de Arapiraca. "Dois monsenhores, um de 83 anos, e um padre foram acusados por ex-coroinhas de abusarem sexualmente deles quando ainda eram menores. Em 2011, o octogenário foi condenado a 21 anos de reclusão e os outros dois, a 16 anos. Recorreram na Justiça e foram expulsos da Igreja. O caso só explodiu em 2010 após a divulgação na TV de vídeo do idoso monsenhor fazendo sexo oral com uma das vítimas. Foram até ouvidos pela midiática CPI da Pedofilia. E ficou por aí. Não houve investigação sistemática por parte de ninguém", finalizou.
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