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Chope com van Gaal, oito meses e reforma: como a Gávea se tornou a casa da Holanda na Copa

Por ESPN 07/06/2014 10h10
Chope com van Gaal, oito meses e reforma: como a Gávea se tornou a casa da Holanda na Copa
- Foto: Pedro Henrique Torre/ESPN

A Gávea mudou para se tornar a casa da Holanda durante a Copa do Mundo no Brasil. E saltou aos olhos de quem sempre frequentou a sede rubro-negra. Mas o gramado impecável, a área de convivência e os vestiários reformados fizeram parte não de um simples acordo.

Mas de um projeto nascido há pouco mais de oito meses e celebrado com um chope entre dirigentes rubro-negras e o técnico holandês, Louis van Gaal.

Em outubro de 2013, o clube rubro-negro foi procurado pela Federação Holandesa para saber se haveria condições de tornar o local a sede de uma das finalistas da última Copa do Mundo.

Com a resposta positiva, coube ao técnico Louis van Gaal desembarcar no Rio de Janeiro para avaliar as instalações. Ao técnico foram oferecidas até mesmo as dependências do Ninho do Urubu. Mas a distância do CT rubro-negro para a Zona Sul carioca - cerca de 30km - colaborou para a preferência do técnico pela Gávea.

Seriam necessários reajustes, mas a sede rubro-negra seria, sim, a casa da Holanda. Acordo feito, projeto batizado "Gávea KNVB Brasil" e para ser celebrado. Louis van Gaal foi convidado para tomar um chope com os dirigentes rubro-negros, como o então vice de futebol, Wallim Vasconcellos, e o vice de administração, Cláudio Pracownik. Topou.

E a parceria entre rubro-negro e holandeses atravessou, literalmente, a rua para refrescar o gogó. van Gaal, segundo relatos, estava satisfeito.

Mas a Federação Holandesa ficou em cima. A partir de abril deste ano, quando as obras começaram, houve vistorias permanentes. Quinzenalmente, representantes holandeses desembarcavam na Gávea para acompanhar as reformas e repassar à comissão técnica.

Os valores, no entanto, são mantidos em sigilo. Mas foram divididos em três partes. Gramado e seu entorno ficaram a cargo dos holandeses.

Vestiários e uma quadra abaixo da arquibancada, local da sala de entrevistas coletivas, couberam ao Comitê Organizador Local (COL) da Copa. A verba nem mesmo passava pelo clube rubro-negro e era diretamente enviada às empresas responsáveis.

O Flamengo arcou com a área de convivência. E a Praça Carlinhos, ex-técnico e jogador do clube, passou a se chamar "Carlinhos Square" em uma das placas indicativas.

"Eles foram muito simpáticos, acessíveis. Eles estiveram muito presentes durante a obra. Deixaram um time aqui. Eles supervisionaram bem a obra. Estamos orgulhosos em tê-los aqui", disse o diretor de administração do Flamengo, Marcelo Helman, responsável pelo projeto com a Holanda.

O gramado, talvez em qualidade nunca vista antes, não foi replantado. Sob a batuta da empresa Greenleaf, a mesma que cuida do Maracanã, foi feita uma raspagem, aproveitando as mudas existentes e finalizado com adubo. O campo da Gávea, agora, brilha. A proximidade com o hotel da delegação holandesa, em Ipanema, também agrada. A segurança ficou ao cargo do COL.

"Estamos felizes com a estrutura e o que nos foi oferecido pelo Flamengo, um dos maiores clubes do Brasil. Temos todas as condições aqui", elogiou o técnico holandês, Louis van Gaal.

Equipamentos como bicicletas ergométricas, trazidos pelo holandeses, podem permanecer como legado ao clube, mas ainda não é certo. Mas nem mesmo os sócios rubro-negros têm acesso liberado. Ao redor do gramado foram colocadas placas que impedem a visão. Da Gávea, a Laranja Mecânica viaja para outros locais para os jogos e, em seguida, volta para a toca.

Mas neste sábado, a Holanda dá uma brecha: o treino será aberto ao público e 500 ingressos foram doados à prefeitura e ao Governo do Rio, que os repassaria a instituições carentes. Tudo para ver o resultado de um projeto que começou com um chopinho, do outro lado da rua, com ninguém menos do que Luis van Gaal.