Polícia

Atendimentos de glaucoma em AL começam a ser suspensos pelo SUS

Em Arapiraca os serviços já se encontram paralisados por falta de repasse 

07/03/2012 11h11
Atendimentos de glaucoma em AL começam a ser suspensos pelo SUS
Os estados de Alagoas, Paraíba e Sergipe paralisaram os atendimentos aos pacientes com glaucoma. A decisão foi tomada em assembleia extraordinária realizada pela União Nacional dos Serviços Oftalmológicos Credenciados ao SUS – UNOSUS. Tal medida foi adotada por conta do corte de recursos realizado pelo Ministério da Saúde para a manutenção do Programa Nacional do Glaucoma.

Para o médico Alan Barbosa, coordenador do Departamento de Oftalmologia do Sindicato dos Hospitais de Alagoas, a situação atual é delicada e as empresas ligadas a este segmento lamentam a decisão do governo federal de efetuar o corte de verba para a continuidade do tratamento de milhares de pessoas espalhadas em todo o País.

“Só em Alagoas temos mais de 20 mil pessoas que são acompanhadas por um oftalmologista, fazem os exames trimestralmente e recebem os colírios para evitar a progressão da doença, tudo isso, por meio dos prestadores de serviço ao SUS. Lamentamos a decisão do Ministério da Saúde e admitimos que, sem a verba, não poderemos mais continuar mantendo o atendimento”, afirmou ele.

Todavia, Alan Barbosa garantiu que as discussões com a União vão permanecer. “Teremos novas reuniões aqui em Alagoas que vão definir a linha de conduta das empresas da área de oftalmologia no Estado. Entretanto, queremos deixar claro que o canal de negociações com o Ministério vai permanecer aberto. Vamos esgotar todas as possibilidades de diálogo na tentativa de sensibilizar o governo federal. Nossa maior preocupação é com o paciente e ele não pode ficar desassistido. O glaucoma é uma patologia silenciosa, que não apresenta sintomas e, aquelas pessoas que já detectaram o problema, não podem ter o tratamento interrompido sob o risco de a doença progredir e acontecer a perda da visão”, explicou o oftalmologista.

Ainda de acordo com ele, após a reunião com os prestadores de serviço locais, será normatizada a forma de como acontecerá à migração dos pacientes cadastrados nas empresas para um banco de dados que será elaborado pelas Secretarias Municipais de Saúde. Aqueles que já tinham exames e data para entrega de colírios marcados, poderão fazê-lo sem quaisquer prejuízos.

NO IOFAL

No Instituto Oftalmológico de Alagoas (IOFAL), por exemplo, existem, 15 mil pessoas em tratamento de glaucoma há mais de três anos. De acordo com um dos diretores do instituto, Tibério Rocha Júnior, boa parte desses pacientes residem em localidades diversas do Estado de Alagoas. Com a suspnsão dos serviços, a maioria deles ficará com o tratamento inviabilizado.

"É bom salientar que os portadores de glaucoma precisa de tratamento constante, com risco de perder totalmente a visão. O IOFAL está sendo obrigado a parar com o tratamento", explicou.

Para outras informações mais detalhadas, a UNOSUS orienta seus pacientes a ligarem para o número 136, canal de comunicação com a Ouvidoria do SUS.

O que é o glaucoma

Causado pela lesão do nervo óptico e relacionada à alta pressão do olho, o glaucoma pode provocar sérias alterações no campo visual e até cegueira. De acordo com estatísticas da Organização Mundial de Saúde (OMS), de 1% a 2% da população acima de 40 anos é portadora de algum tipo de glaucoma. Doenças como diabetes, hereditariedade, miopia e lesões oculares são as principais causas da patologia.

O tratamento do glaucoma é feito, na maioria dos casos (95%), em regime ambulatorial, com a aplicação de colírios de uso contínuo. No SUS, são ofertados, gratuitamente, sete categorias de colírios para controlar a pressão intraocular, além da cirurgia.

“Como o glaucoma é uma doença lenta e silenciosa, que vai causando danos ao nervo óptico e, por consequência, prejudicando o envio das informações que enxergamos para o cérebro, o seu tratamento não pode ser jamais interrompido. Se não for tratada, a doença pode progredir e aumentam os riscos do paciente ficar cego. O uso do colírio faz baixar a pressão do olho e, justamente por isso, é tão importante que o glaucomatoso faça uso da medicação todos os dias. O corte de recursos efetuado pelo Ministério da Saúde nos preocupa muito porque está acarretando na paralisação dos prestadores de serviço que, por sua vez, atendem à população. Esperamos que, no menor espaço de tempo, seja encontrada uma solução para esse problema”, declarou Márcia Medeiros, oftalmologista especialista em glaucoma.