Alagoas

AL: pesquisadores preparam nova patente para a própolis vermelha

Pesquisas reconheceram a presença do INPI

Por Assessoria 05/11/2012 10h10
AL: pesquisadores preparam nova patente para  a própolis vermelha
As pesquisas sobre a própolis vermelha na Universidade Federal de Alagoas começaram há mais de dez anos, quando o curso de Farmácia foi implantado. Desde que os primeiros pesquisadores em fitoquímica foram contratados, as possibilidades de uso farmacológico da substância atraíram a atenção deles. O grupo de Tecnologia e Controle de Qualidade de Medicamentos e Alimentos, que tem o objetivo de melhorar as tecnologias aplicadas no desenvolvimento e controle de medicamentos, percebeu desde o início o potencial desta própolis com características tão singulares, bem diferente do produto encontrado em outras regiões do país.

O grupo trabalhou desde o isolamento da substância, identificação das propriedades e constituintes da própolis até as atividades terapêuticas e farmacológicas, chegando ao desenvolvimento de produtos. As pesquisas realizadas já conseguiram comprovar as ações antimicrobianas e antifúngicas. Estão em andamento pesquisas que comprovam também a ação anticancerígena e de fortalecimento do sistema imunológico. A própolis é uma substância produzida pelas abelhas a partir de coletas na vegetação, por isso, pode ter cores e propriedades diversas, dependendo do ecossistema local. Na maioria das regiões onde as atividades das abelhas é verificada, a própolis tem uma coloração esverdeada.

A própolis vermelha de Alagoas tem características específicas, porque é produzida a partir da resina do rabo-de-bugio, planta encontrada nos manguezais do litoral alagoano. "A própolis de Alagoas demonstrou ser bem mais rica em flavonóides, que são compostos químicos encontrados nas plantas, com propriedades antioxidantes, ou seja, que retardam o envelhecimento das células", destacou o professor Irinaldo Diniz, um dos líderes do grupo.

Patentes

As pesquisas sobre a própolis vermelha realizadas pelo curso de Farmácia, em parceria com o mestrado em Nutrição, já renderam uma dissertação de mestrado com o tema "Obtenção e caracterização de extratos galênicos e extratos secos de spray-dryer da própolis vermelha de Alagoas", defendida em 2011, pelo professor Valter Alvino, com orientação de Ticiano Gomes. "Este trabalho produziu resultados que levaram à uma solicitação de patente junto ao Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI), que está sendo avaliada", informou Irinaldo.

Além dessa patente solicitada, segundo o professor Irinaldo, as pesquisas desenvolvidas pelo curso de Farmácia da Ufal foram fundamentais para caracterizar a própolis vermelha como uma substância com características específicas no território alagoano, o que levou recentemente o INPI a reconhecer a Própolis Vermelha de Alagoas como produto brasileiro sem similar no mundo, com quatro isoflavonóides, que não são encontrados juntos em nenhuma espécie de própolis.

Os trabalhos desenvolvidos em Alagoas estão ganhando dimensão internacional. "Fruto dessas pesquisas, o professor Ticiano Gomes, que atua no desenvolvimento e validação de metodologias analíticas e produtos para saúde à base de própolis vermelha de Alagoas, está fazendo pós-doutorado no Instituto de Farmácia e Ciências Biomédicas em Glasgow, na Escócia, o que deve atrair ainda mais parcerias para o nosso trabalho", comemorou o professor Irinaldo.

Atualmente, mais uma pesquisa relacionada à própolis vermelha está em andamento. O mestrando Victor Hugo Oliveira de Andrade está elaborando micro-encapsulados com soro de leite e própolis vermelha para desenvolver um suplemento alimentar rico em proteínas e flavonóides. "Desde o período em que me formei como tecnólogo em laticínios pelo Instituto Federal de Alagoas, no Campus Satuba, percebi que o soro decorrente da produção de queijos é descartado na natureza, poluindo rios e sendo desperdiçado, mas que é rico em proteínas. Quando comecei o mestrado em Nutrição, tive a ideia de utilizar esse soro para "secar" a própolis vermelha e produzir um pó com propriedades farmacêuticas e nutricionais", explicou Hugo.

A pesquisa está sendo orientada pelo professor Irinaldo Diniz e deve ser concluída em março do próximo ano. "É um trabalho que tem densidade científica e apelo ecológico. Assim que for apresentada, será alvo de uma nova solicitação de patente junto ao INPI", informou Irinaldo. O professor ressalta ainda que o recém instalado mestrado em Farmácia vai intensificar as pesquisas na área. "Até agora, contávamos com parceria da Fanut (Faculdade de Nutrição) para desenvolver nossos trabalhos, mas, a partir de setembro deste ano, iniciamos o nosso mestrado, e agora vamos nos dedicar ainda mais às pesquisas específicas, incluindo a própolis vermelha de Alagoas", destacou.