Alagoas

Cineasta de Arapiraca lançará filme de ficção ainda este ano

Obra deve ser lançada até julho deste ano

15/06/2013 21h09
Cineasta de Arapiraca lançará filme de ficção ainda este ano
Clau Soares
Repórter

Leandro Alves, arapiraquense, tem 29 anos, e dois documentários no currículo. Apaixonado por cinema desde criança, o cineasta se graduou em Administração, pela Universidade Estadual de Alagoas, e, em seguida, fez o curso de Produção Audiovisual na Faculdade de Ciências Sociais Aplicadas, em Campina Grande, na Paraíba.

O nome dele entrou para o rol dos cineastas alagoanos com o aclamado curta-documentário “Hoje tem Espetáculo?” (2010) que retrata a experiência de dois profissionais do circo. Na obra, fica em destaque a participação do palhaço Biribinha, personagem criado pelo artista arapiraquense Teófanes Antônio Leite da Silveira, com mais de 50 anos de carreira.

A obra já foi apresentada em mais de dez mostras e espetáculos por todo o Brasil e recebeu os prêmios de Melhor Documentário pelo júri popular, no V Festival de Cinema com Farinha, prêmio João Carlos Beltrão de melhor plano cinematográfico, no VI Comunicurtas; e o troféu Aruanda/Chesf, no VII Fest Aruanda do Audiovisual Brasileiro.

Agora, Leandro Alves prepara seu próximo filme, “Flamor”, que deve ser lançado ainda este ano e tem o patrocínio de uma empresa também de Arapiraca, a Popular Alimentos. A produção envolveu mais de 20 pessoas e aborda um período de descobertas e sensações na vida de uma adolescente que sai do interior para a cidade grande.

OPortal 7Segundos entrevistou, por e-mail, o jovem cineasta. Leia aqui a entrevista que aborda a carreira de Leandro Alves, seus trabalhos e sua proposta de transformar o cenário cinematográfico de Arapiraca.

Portal 7 Segundos: Por que fazer cinema?
Leandro Alves: Na verdade, o gosto pelo cinema veio desde criança, e a gente vai crescendo e tomando mais gosto pela arte, a vontade de fazer Cinema veio quando senti que tinha condições de produzir algo, mas mesmo assim aqui no Estado era muito complicado fazer cinema, não tínhamos quase nada sendo produzido, com exceção de alguns cineastas guerreiros que faziam cinema. Então passei um tempo morando em Campina Grande, lá fiz o curso de Produção Audiovisual e algumas oficinas de cinema e documentário. Foi na Paraíba que comecei minha carreira, produzindo com quase nada e com a ajuda de amigos. Através do curso extensão de Produção de Documentário, realizado pela Universidade Estadual da Paraíba, tive a oportunidade de roteirizar e dirigir dois documentários.

É difícil fazer em Arapiraca?
LA: Na verdade é muito complicado fazer cinema em Alagoas, principalmente no interior, hoje o cenário audiovisual alagoano está em evidência, está produzindo muitos filmes, a maior parte dele sem incentivo do governo, mas a galera está querendo fazer, está querendo mostrar que tem potencial e os resultados estão vindo com vários desses filmes sendo selecionados em festivais nacionais e até internacionais, inclusive ganhando prêmios.O cinema em Arapiraca ainda está caminhando a passos lentos, algumas produções foram feitas por aqui há tempos atrás, e a maioria da população de Arapiraca não tem nem conhecimento.

O que tem sido feito para melhorar este cenário?
LA: Tivemos uma oficina realizada pelo SESC, onde produzimos um documentário sobre uma Barbearia onde, além de cortar cabelo, conserta-se sanfona. A obra circulou em algumas cidades de Alagoas com o projeto Acenda uma Vela e foi muito bem recebido pelo público. Fiz um documentário sobre palhaços que foi filmado também aqui em Arapiraca, com o Biribinha, e também foi muito bem aceito pelo público, participou de mais de 10 festivais nacionais, ganhou alguns prêmios, inclusive de melhor curta Paraibano no Fest Aruanda, em João Pessoa.

O que você tem feito em Arapiraca?
LA: Agora estou em fase de finalização do meu curta de ficção, “Flamor”, que está sendo realizado com recursos do edital do microprojetos da FUNART. A ideia é essa, produzir e mostrar pra população pra que ela saiba que podemos fazer cinema também aqui. A tecnologia está a nosso favor. Fazer cinema tornou-se mais acessível e espero ver muita gente produzindo por aqui.

Como surgiu o filme “Flamor” e o que ele aborda?
LA: Flamor surgiu através do conto homônimo do escritor, diretor e ator Nilton Resende. Conta a história de Luzia que aos 16 anos deixa a vida rural e vai trabalhar como doméstica na cidade. A liberdade e a solidão de um domingo lhe apresentam sensações que até então ela nunca havia experimentado. É um filme que fala sobre sensações, descoberta e medos.

Quantas pessoas estão envolvidas neste trabalho?
LA: Mais de 20 pessoas trabalharam na produção do filme, que tinha um orçamento muito reduzido, mas com o esforço e apoio da galera o filme está saindo, as filmagens foram feitas em Arapiraca em um casarão, na Área Verde e também lá em Viçosa, na Cachoeira do Anel.

7Segundos: Com que gênero você se identifica mais: documentário ou ficção?
LA: Na verdade, acho que vai depender muito das situações, o documentário se torna mais acessível, principalmente por conta da tecnologia e o barateamento dos equipamentos. Mas cada um tem sua peculiaridade. É muito complicado fazer ficção sem dinheiro e sem tempo, dependendo da produção do filme de ficção, ele poderá ser mais tranquilo de se produzir que documentário. A minha melhor experiência foi com documentário, estudei muito sobre esse gênero e apesar de não ter tido produzido nada antes, foi sensacional e foi que eu soube que realmente era isso que queria fazer por toda vida.

7Segundos: A realidade, então, é mais atraente?
LA: A palavra realidade é muito forte dentro do cinema, é tema de várias discussões, particularmente acho que cinema é uma arte e que como e toda obra de arte, nada é 100% real, da mesma forma que toda obra passa alguma forma de realidade, mesmo um filme de ficção científica vai passar alguma realidade pra o expectador, por exemplo, como os eram feitos os efeitos especiais do filme na época.

 Assista ao filme “Hoje Tem Espetáculo?”