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11/10/2014 10h51 - Atualizado em 11/10/2014 10h59 Camboriú, Blumenau e São Bento do Sul são foco de novos atentados

Por G1 11/10/2014 15h03

Entre a noite de sexta-feira (10) e a manhã deste sábado (11), três novos atentados foram registrados em Santa Catarina. Segundo o último relatório da Polícia Militar, uma casa de um policial foi alvejada em Camboriú, no Litoral catarinense, uma bomba caseira foi jogada em uma ponte em Blumenau, no Vale do Itajaí, e um caminhão de transporte com mudança foi incendiado em São Bento do Sul, no Norte do estado.

O número de ataques em Santa Catarina subiu para 105, segundo os dados fornecidos pela PM às 9h deste sábado. Desde o dia 26 de setembro, foram registradas 24 apreensões de materiais suspeitos, totalizando 129 ocorrências em 34 cidades. No total, dois suspeitos foram mortos, um agente penitenciário aposentado assassinado, 58 pessoas presas e 18 adolescentes apreendidos.


Na manhã deste sábado (11), um caminhão que trazia uma mudança de São Paulo para São Bento do Sul foi incendiado no município do Norte do estado. O Corpo de Bombeiros atendeu a ocorrência às 5h30 no bairro Centenário. Segundo a PM, o condutor do veículo estacionou o caminhão por volta das 4h em frente a sua residência. Ele entregaria a mudança de um terceiro pela manhã. Um vizinho avisou das chamas para o transportador. A mudança estava coberta por uma lona e dois botijões de gás, entre os itens que eram transportados, ajudaram a alastrar o fogo. Não foram encontrados artefatos que pudessem iniciar o incêndio, informou a PM. Nenhum suspeito foi identificado.

Por volta das 21h de sexta, um policial militar informou à guarnição de Camboríu que sua casa foi atingida por disparos. Segundo a Polícia Civil, o militar era aposentado. Das quatro balas utilizadas, uma atrevessou o portão da residência e as outras três ficaram alojadas na tampa do porta malas do seu veiculo. Dois homens em uma moto são suspeitos. Ainda na sexta, perto das 22h, um morador relatou que apagou com uma mangueira o fogo de uma bomba caseira atirada em uma ponte em Blumenau. Dois homens fugiram em uma moto, e não foram encontrados pela polícia.
Posição da Polícia Militar


Na sexta-feira (10), outras quatro ocorrências foram registradas, em Laguna e Tubarão, no Sul do estado, e Penha, no Litoral catarinense. Segundo o Centro de Comunicação Social da PM, é possível afirmar que o estado teve na quinta-feira (9)o primeiro dia sem atentados desde o início da terceira onda de violência, em 26 de setembro . Entretanto, um caso parecido com alguns ataques, mas que não foi considerado atentado, ocorreu na madrugada do mesmo dia em Imbituba, no Sul catarinense.


Dois ônibus particulares ficaram destruídos após um incêndio. Bombeiros e a Polícia Rodoviária Federal (PRF) acreditam que infratores tenham colocado fogo nos veículos, mas a Polícia Militar (PM) da cidade não confirma que a origem da ocorrência seja criminosa.

Na tentativa de combater a terceira onda de atentados, a PM reforçou o efetivo com policiais que estavam em férias e também de batalhões especiais como Bope, Choque e Ambiental. A corporação realiza barreiras e ações preventivas em locais considerados pelos setores de inteligência como de maior vulnerabilidade.

Diferente das outras duas ondas de atentados registradas no estado, uma em novembro de 2012 e outra em fevereiro de 2013, nesta terceira, ordens partiram de dentro e fora do sistema prisional, segundo a tenente-coronel Claudete Lemkuhl. Outra característica desta onda de atentados em relação às outras é o uso por parte de criminosos das redes sociais para espalhar mensagens falsas e causar pânico. A PM orienta que os internautas não passem essas mensagens adiante: que as ignorem ou informem à polícia.

Para ajudar a combater a ação dos criminosos, soldados da Força Nacional de Segurança atuam em Santa Catarina. Eles chegaram na madrugada do último sábado (4) e auxiliaram na transferência de 20 detentos catarinenses para outros estados.

Na noite de terça-feira (7), em conjunto com a Polícia Rodoviária Federal, eles começaram a atuar em 10 barreiras fixas nas regiões de divisa com o Paraná, Rio Grande do Sul e Argentina. O objetivo é coibir a entrada de armas e drogas e a circulação de foragidos da Justiça. O primeiro relat´porio das operações, divulgado na noite desta quinta-feira (9), indicou que cinco pessoas haviam sido presas, uma pistola apreendida, dois veículos recuperados e também foram apreendidos equipamentos e materiais contrabandeados.
Ordem para os ataques

No dia 2 de outubro, o delegado responsável pela divisão de repressão ao crime organizado da Diretoria Estadual de Investigações Criminais (Deic), Procópio Silveira Neto, havia dito que as ordens dos ataques partiram de presos transferidos de Santa Catarina para a Penitenciária Federal de Mossoró (RN). Segundo ele, os apenados daquele estado se comunicam com os que estão na penitenciária catarinense de São Pedro de Alcântara. "[As ordens partiram] de Mossoró para São Pedro de Alcântara e daí se difundiram para rua", complementou.
Dois dias depois, sábado (4), o delegado-geral da Polícia Civil, Aldo Pinheiro D’Ávila, disse que as afirmações sobre a ordem para os atentados ter vindo do presídio de Mossoró (RN), para onde foram transferidos outros presos durante a onda de ataques de 2013, não é confirmada. Segundo o delegado, a informação é baseada em gravações cujas origens ainda estão sendo investigadas. "Qualquer informação ainda é precipitada", disse ele.


Esta terceira onda de ataques, segundo a polícia, é coordenada pela mesma facção criminosa das duas anteriores. Em fevereiro de 2013, 37 homens, que estavam detidos em unidades prisionais catarinenses foram transferidos para o Rio Grande do Norte e três para Porto Velho. Eles foram movidos na intenção de desarticular a facção criminosa que estava em atuação na segunda onda criminosa, entre 30 janeiro e 3 de março daquele ano. Nesse período, ocorreram 114 atentados em 37 cidades catarinenses, segundo a PM. Antes, em 2012, ocorreu a primeira onda de atentados no estado, com 63 alvos de 12 a 18 de novembro.