Sem água em assentamento, MST ocupa sede da Casal em Arapiraca
Na manhã desta quinta-feira(19), trabalhadores do Movimento Sem Terra (MST) ocuparam o Escritório Regional da Companhia de Abastecimento de Água de Alagoas (Casal) em Arapiraca. A ocupação foi em protesto à falta de fornecimento de água nos assentamento Rendeiras, localizado no município de Girau do Ponciano.
De acordo com José Roberto de Souza, integrante da direção estadual do MST, há cerca de dois meses eles vem solicitando à Casal de Arapiraca o religamento da rede de abastecimento de água.
“A gente se comprometeu em cavar as valas para a implantação da tubulação para adiantar o serviço dos técnicos da Casal. Reunimos os homens do assentamentos e com enxadas cavamos os buracos, mas até agora a Casal não foi ao assentamento ”, informou o líder do MST .
Cansados de esperar e passando por muitas dificuldades em virtude da seca que já atinge o aquela região, os integrantes resolveram ocupar o escritório na tentativa de falar com a gerência do órgão em Arapiraca. Os clientes que foram realizar pagamentos de contas e resolver outras pendências, tiveram que esperar do lado de fora, até que o impasse fosse resolvido.
Anteriormente tínhamos falado só com os técnicos e agora só vamos desocupar o prédio quando falarmos com o gerente”, afirmou um trabalhador do MST.
O gerente regional do Escritório da Casal em Arapiraca, Júlio César , recebeu os integrantes do MST e explicou que nos últimos três meses após a inauguração da Adutora do Agreste, as equipes técnicas tiveram um aumento de serviços externos, por isso, ainda não foi possível atender a solicitação das famílias do assentamento Rendeiras.
Ficou acordado que no dia 06 de janeiro técnicos da Casal vão até o assentamento Rendeiras para iniciar os serviços de religamento da rede de abastecimento.
“ Inicialmente vamos realizar o cadastro dos clientes que estão solicitando o fornecimento de água, verificar se há alguma danificação na tubulação e negociar o débito de algumas residências que ficou pendente” afirmou Júlio César.
Desligamento da rede de abastecimento
Os trabalhadores do MST informaram que nos últimos quatros anos o assentamento Rendeiras teve a rede de abastecimento de água desligada porque a antiga adutora não tinha vazão suficiente para atender as famílias do assentamento.
“ Pedimos para cortar o fornecimento porque chegava somente a conta de água mas nunca tinha o líquido nas torneiras. Mas agora que foi inaugurada a Adutora do Agreste, queremos que seja reativado o sistema de distribuição de água”, afirmou líder do MST.
Durante esse período as oitenta famílias das agrovilas Carro Queimado e Maravilha que integram o assentamento Rendeiras, utilizavam água potável somente quando os carros-pipa do exército ou da prefeitura abasteciam a sistema comunitária do assentamento.
A água era insuficiente para todos e quem podia comprava água pagando R$ 200 por um caminhão-pipa.
Dona Cícera Maria Januário disse que na casa dela moram treze pessoas, entre filhos e netos e sem água nas torneiras tudo fica mais difícil. Na maioria das vezes foi preciso usar a água dos barreiros.
“ No inverno a água nos barreiros era mais abundante, mesmo barrenta a gente usava para lavar roupa, cozinha e até beber. Mas com a chegada do verão secou tudo e só tem lama” afirmou a agricultora