Alagoas

Dívida da Casal atinge quase R$ 1 bilhão, privatização deve ser a saída

Por Maurício Gonçalves 08/02/2015 17h05

A Companhia de Saneamento de Alagoas (Casal) é uma baleia fora d’água: enorme, pesada e inerte. Tem a agilidade de um cágado bêbado, com a cabeça afundada nas entranhas da cidade que se reproduz a saltos de lebre. Encalhada há mais de meio século na falta de planejamento, a rede de distribuição perdeu o fôlego e, sob a menor pressão, estoura os canos. Décadas depois, o esgotamento sanitário de Maceió apodreceu.

Não há projetos para substituir estruturas velhas, apenas para consertá-las. As obras para ampliar a capacidade estão paradas ou se arrastam como lesmas sanguessugas. A produtividade cai, as perdas aumentam e isto custa dinheiro, muito dinheiro público. De tal maneira que a dívida da Casal pode chegar a R$ 1 bilhão.

Esta semana, a população foi pega de surpresa com o anúncio da Secretaria da Fazenda de que a dívida pública de todo o Estado de Alagoas atingiu o patamar de R$ 9,7 bilhões. Ora, a inadimplência da Casal, sozinha, ultrapassa 10% deste montante astronômico.

Encharcada em meio à sangria desatada do desperdício, a companhia articula um plano de emergência para aumentar o faturamento, controlar a pressão da água e reduzir as perdas, que hoje chegam a 46%. O máximo recomendado seria 15%, como acontece na Paraíba e em outros estados. O plano traça prioridades para 2015 e 2016, com gastos de R$ 65 milhões em reparos, ajustes e melhorias. No entanto, não existe (como nunca existiu na história da Casal) um planejamento de longo prazo para as redes de água e saneamento.

A crise hídrica e o caos do esgoto vêm à tona no momento em que a Assembleia Legislativa Estadual (ALE) começa a discutir o projeto de lei que “aumenta o Capital Social da Casal para 56%, por meio da seleção de parceiro privado”. Em outras palavras, empresas particulares poderiam comprar a maioria das ações.