Alagoas

Professores da Universidade Federal de Alagoas decidem manter greve

Por 7 Segundos com Ascom 27/07/2015 20h08
Professores da Universidade Federal de Alagoas decidem manter greve

Professores da Ufal, em assembleia realizada no dia 24 de julho decidiram pela continuidade do movimento grevista em unidade com as demais 41 universidades federais, também em greve. Nesse sentido, deliberaram pela intensificação do movimento grevista com atividades de rua para dar visibilidade a pauta do movimento e dialogar com a sociedade.

Em 2015 a greve dos docentes federais é centralizada pela reivindicação da reestruturação da carreira. A carreira do professor federal, principal mecanismo de sua valorização ao longo de seus exercício profissional não tem uma estrutura. Os percentuais entre os níveis, a relação entre os 3 regimes de trabalho (20h - 40h e Dedicação Exclusiva) e entre a qualificação (especialização, mestrado e doutorado) não têm, na carreira atual, qualquer lógica. O que o governo federal fez em 2012 foi conceder um percentual maior de aumento para os docentes em início e final de carreira, onde se concentra o menor número de professores, e um menor percentual de aumento para os docentes que estão no meio da carreira, porém sem qualquer relação.

Nesse sentido o que os professores em greve querem do governo?

a) Fixar como conceito no texto da Lei: - a estruturação em degraus constantes desde o início até o final; - percentuais definidos para a valorização de cada uma das titulações; - relação percentual constante entre regimes de trabalho, com valorização da Dedicação Exclusiva; (a combinação destes três elementos estará integrada, compondo o vencimento de cada professor, segundo a sua situação particular quanto ao nível na carreira, a titulação e o regime de trabalho) b) Definir como conceito no texto da Lei: - que o piso organizador da malha de vencimentos estruturada em decorrência do item anterior, seja o valor fixado para o nível inicial da carreira, do graduado em regime de 20h. c) Reconhecer como conceito no texto da Lei: - que o desenvolvimento na carreira, respeitado os interstícios definidos na Lei, será concebido, organizado e regulamentado no âmbito da autonomia de cada Instituição;

Além da pauta corporativa da categoria, os docentes avaliam que o momento atual coloca em risco a existência da universidade pública gratuita. Em maio de 2015, o governo anunciou cortes de R$ 69,9 bilhões no orçamento federal, sob a alegação de realizar um ajuste fiscal para enfrentar a crise econômica que vem se agravando: na educação foram cortados R$ 9 bilhões de reais e a saúde terá R$ 11 bilhões a menos este ano. Por outro lado, o Governo Federal destina mais de R$ 1 trilhão para pagar aos banqueiros.

A UFAL é a principal universidade do Estado de Alagoas. Apesar de sua importância, as práticas de ensino, pesquisa e extensão, assim como as tarefas administrativas, acontecem de forma precarizada na maioria dos cursos, tanto na capital como no interior. Isso compromete a formação da nossa juventude e a contribuição que a universidade pública deve prestar à sociedade.

Veja alguns problemas vivenciados pela UFAL:

- Faltam professores para a quantidade de alunos e turmas em diversos cursos. Por isso os professores trabalham com sobrecarga de hora aula, muitas vezes juntando turmas para garantir o direito dos alunos estudarem.

- Faltam servidores técnicos para que a parte administrativa da universidade funcione. Em razão disto, estudantes recebem bolsas para ocupar espaços que deveriam ser dos técnicos e muitos setores funcionam sem que haja profissionais qualificados para as tarefas técnicas necessárias, a exemplo de laboratórios e bibliotecas. 

- Falta estrutura compatível com os cursos. Por exemplo, o curso de Medicina Veterinária não tem um hospital a sua disposição; 

- Muitos cursos são realizados em prédios alugados, incompatíveis com as necessidades de trabalho e de estudo no ensino superior, como acontece em Santana de Ipanema há mais de 5 anos e, recentemente em Penedo onde os estudantes e professores iniciaram suas atividades em um espaço que não tem a estrutura do que deve ser uma universidade.

- Faltam laboratórios para vários cursos, a exemplo do curso de Enfermagem em Arapiraca, dos estudantes de Pedagogia do CEDU, dos estudantes de Jornalismo no COS, etc.

- Muitos professores e técnicos não têm condições dignas de trabalho, a exemplo daqueles que atuam nos cursos de música e de teatro que trabalham em condições insalubres;

- Faltam salas de aula adequadas. Problemas com espaço, mobília, ventilação e iluminação fazem parte do cotidiano de muitos cursos, na capital e no interior;

- As bolsas dos estudantes, com os cortes, estão sempre atrasadas colocando em risco aqueles que necessitam da bolsas para continuarem seus estudos;

-Esse ano já houve corte de energia na UFAL; 

-Vários programas voltados para a melhoria da qualidade da formação do professor da Educação Básica vêm sofrendo cortes de bolsas e de recursos; 

-Ocorreram cortes nos recursos dos cursos de Pós-graduação, que já funcionam com um orçamento mínimo; 

-A defasagem salarial de professores e técnicos é imensa, sem reposição compatível com as perdas acumuladas ano a ano, e as condições de trabalho são precárias.

É fundamental:

1- defender a universidade pública, gratuita, com a qualidade que a sociedade merece;

2- que o servidor público deve ser valorizado.

Por isso reivindicamos:

- Defesa do caráter público da universidade;

- Melhoria das condições de trabalho;

- Garantia da autonomia universitária;

- Reestruturação da carreira docente;

- Valorização salaria .

A educação pública é um patrimônio do povo brasileiro. É dela que se servem os filhos e as filhas dos trabalhadores e das trabalhadoras. Não vamos deixar que acabem com ela.