Deficiência visual não impede sucesso profissional de arapiraquense no MT
O arapiraquense Genival Barbosa, conhecido como GB, ex-funcionário do Detran em Arapiraca e atualmente analista judiciário no TRT/MT e se tornou um exemplo de vida pela sua persistência e dedicação. Genival estudou com muito afinco e superou muitas barreiras para atingir os seus objetivos de vida. Em 2013, tomou posse com funcionário no TRT/MT. Antes disso, o servidor foi técnico judiciário do TRE/PA e do TRT/MS.
Além das muitas horas diárias de estudo para conseguir sucesso nas provas dos concursos públicos que prestou, Genival teve que driblar o preconceito e os desafios de ser cego. As dificuldades enfrentadas, relembra o servidor, iniciavam no hotel em que fazia reserva para prestar as provas.
“Quando eu chegava no local e as pessoas viam que eu era cego me questionavam se eu estava sozinho, já que a reserva era apenas para uma pessoa. Claramente, os atendentes ficavam completamente desnorteados comigo. Passei por isso dezenas de vezes, já que percorri 14 estados brasileiros em busca de aprovação”, revelou GB.
Em uma das viagens, Genival saiu de Alagoas, rumo a Santa Catarina. Foram 56 horas dentro de um ônibus. Apesar do cansaço, o servidor conta que faria tudo de novo e jamais deixaria se abater pelos obstáculos do caminho.
“Obstáculos sempre estiveram presentes na minha vida. Nasci com deficiência visual, fruto da rubéola que minha mãe contraiu na gravidez. Enxerguei algumas cores até o cinco anos de idade, entre elas o vermelho, o rosa, o verde e o laranja. Depois disso, fiquei completamente cego. Na época, meus pais buscaram tratamento em São Paulo, mas o quadro de cegueira era irreversível”, declarou o arapiraquense.
Ao perder a visão, Genival foi desacreditado por muitas pessoas.
“Meu próprio pai não acreditava no meu potencial. Ele era super protetor e achava que eu não teria condições de trilhar meu caminho sem ajuda de ninguém. Por isso, quando passei no vestibular para Direito ele chorou e a partir daí começou a ver as coisas por outro ângulo. Infelizmente, ele não pode testemunhar minhas conquistas, mas tenho certeza que ele está feliz por mim onde estiver”, afirmou Genival.
Na faculdade, um professor também desestimulou Genival e o abordou dizendo que ele desistisse do curso, pois ele estava apenas jogando dinheiro fora. Ainda bem que o servidor não deu lhe ouvidos e mesmo com muita dificuldade concluiu a graduação.
“Confesso que a fala daquele professor me deixou muito abatido. Mas, aprendi a escanear os livros para ler pelo computador. Nunca fui reprovado em nenhuma matéria”.
Quando passou no primeiro concurso, em 2005, Genival ainda não tinha se formado. Contudo, a nomeação só ocorreu três anos depois. Foi quando ele entendeu que concurso público “a gente estuda até ser nomeado”. Durante o período de concurseiro, Genival chegou a passar e ser nomeado técnico do TRF de Arapiraca (Al), sua cidade natal. Mas, por acreditar que a proximidade com a família poderia perder o foco dos estudos, preferiu não assumir o concurso.
O sucesso das aprovações nos concursos públicos federais renderam convites de palestras em escolas e eventos. Nessas ocasiões, Genival diz como estudar e ter perseverança em seus sonhos.
“Ser cego nunca foi o grande desafio e sim o preconceito e a forma como as pessoas te veem. Sou uma pessoa normal, como qualquer outra. Claro que tenho algumas necessidades diferenciadas, mas nada que justifique comportamentos ou atitudes excludentes”.