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Collor é suspeito de lavar dinheiro com compra de obras de arte

Por Redação com Agências 14/01/2016 15h03
Collor é suspeito de lavar dinheiro com compra de obras de arte
- Foto: Divulgação

Indícios de lavagem de dinheiro por meio de aquisição de obras de arte do senador Fernando Collor (PTB-AL) levaram o STF (Supremo Tribunal Federal) a autorizar busca e apreensão em endereços de um restaurador que teria intermediado a venda de quadros para o congressista.

A suspeita surgiu durante investigação do esquema de corrupção da Petrobras.
Após receberem denúncia anônima que detalhou o leiloeiro e galerias de arte com os quais Collor teria comprado as obras com dinheiro em espécie, os investigadores obtiveram notas fiscais que comprovam vendas de ao menos R$ 1,5 milhão ao senador.

Obras de arte, além de carros de luxo já tinham sido apreendidas em julho do ano passado, durante uma operação de busca e apreensão na Casa da Dinda, como ficou conhecida a mansão de Collor no período em que foi presidente (1990 a 1992).

Uma delas foi um quadro do pintor modernista Di Cavalcanti, com a seguinte descrição no auto de apreensão: "óleo sobre tela contendo a figura de duas mulheres com paisagem urbana ao fundo. Uma das mulheres está sentada e a outra em seu colo, assinatura de Di Cavalcanti".

Para a Procuradoria, a descrição é compatível com informações fornecidas na denúncia anônima, segundo a qual um quadro de Di Cavalcanti teria sido adquirido por R$ 2 milhões.

O pedido do procurador-geral Rodrigo Janot para a busca e apreensão nos endereços do restaurador Roberto Kazuto Mitsuuchi, em São Paulo, foi feito em dezembro. O ministro Teori Zavascki, relator da Lava Jato no STF, o deferiu e a operação foi realizada em 15 de dezembro.

Segundo a investigação, Mitsuuchi participaria de leilões de obras de arte representando

Collor e manteria "contato direto" com o senador para dar lances. Foram obtidas pelos investigadores trocas de mensagens eletrônicas entre eles, assim como um orçamento de um serviço de restauração de quadros.

Outro elemento que, para a Procuradoria, reforça a ligação entre eles é uma notícia de que Mitsuuchi foi chamado por Collor para restaurar uma igreja no interior de Alagoas.

"Diligências prévias indicam o possível envolvimento do nominado [Roberto Mitsuuchi] em crime de lavagem de dinheiro supostamente praticados pelo senador Fernando Collor por meio da aquisição de antiguidades e obras de arte", escreveu o ministro Teori na decisão que autorizou as buscas.

O ministro também autorizou a quebra do sigilo de um e-mail usado por Collor referente ao período de janeiro de 2010 a abril de 2014. Para os investigadores, há indícios de que o endereço eletrônico era utilizado pelo congressista para tratar questões relativas a desvios em uma estatal.

A Procuradoria já denunciou Collor ao Supremo pelos crimes de corrupção e lavagem de dinheiro relacionados a desvios na Petrobras.

OUTRO LADO

Em nota, a assessoria de imprensa do senador afirmou que o acervo de obras de arte do senador “é constituído em parte por herança familiar, doações de admiradores, e parte adquirida ao longo de vários anos em leilões de antiguidades e casas especializadas”.

O texto acrescenta que as obras adquiridas foram pagas com recursos próprios, “sendo absolutamente infundada a alegada suspeita de lavagem, especialmente porque todas as aquisições foram feitas com recursos de origem lícita”.

Em resposta, Collor ainda reclama de vazamentos seletivos. "É vergonhoso – para dizer o mínimo – os constantes vazamentos seletivos de peças de processo aos quais a própria defesa jamais teve acesso, sistematicamente apresentados à opinião pública de forma parcial."