Agreste

Produção de bolos e broas muda a realidade de povoado em Taquarana

Por Redação com Agência Alagoas 21/01/2016 21h09
Produção de bolos e broas muda a realidade de povoado em Taquarana
Marilene Josefa da Silva conseguiu independência financeira e, hoje, concilia a produção de broas com a profissão de doméstica e a faculdade de Pedagogia. (Foto: André Palmeira)

No meio rural, uma cena bastante comum são os homens na roça e suas esposas em casa. Mas esta é uma realidade que vem se transformando no Agreste de Alagoas. Um grupo de mulheres da cidade de Taquarana usa a mandioca como matéria-prima para a produção de bolos e broas, gerando renda e estabelecendo a própria independência financeira.

As empreendedoras são atendidas pelo Arranjo Produtivo Local (APL) Mandioca no Agreste, que trabalha na articulação de capacitações e comercialização do que é produzido pelas mulheres da Associação Itapaúna. A forma mais comum de escoamento dos produtos é por meio do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab).

As vendas desta e outras cinco associações que também trabalham com o beneficiamento da raiz, totalizam R$ 1,25 milhão e 249 produtores envolvidos. A farinha de mandioca, os bolos, os doces e as broas são fornecidos para escolas e outras instituições parceiras da iniciativa. Este modelo de negociação é mais um incentivo ao fomento da produtividade na região.

Uma das associadas, Marilene Josefa da Silva, conta que através das vendas, conseguiu ter mais segurança financeira e adquirir objetos que antes não passavam de desejo. “Depois de muito tempo, comprei meu primeiro celular, aos 18 anos. Além disso, conciliando com a profissão de empregada doméstica e as aulas que dou à noite, pago minha faculdade de Pedagogia”, comemora.

Início - A produção dos beneficiados começou ainda em 2008, de forma bastante informal. O processo era lento e a quantidade não chegava à metade da atual, que é pouco mais de 200 quilos por semana. O número chega a quase uma tonelada por mês. A fabricação ocorre em apenas um dia, em três turnos diferentes, divididos entre as 40 mulheres da associação.

“No início de tudo foi horrível, a gente fazia na casa de farinha. Botava na forma e assava a parte de baixo, depois forrava com papel alumínio pra assar a parte de cima. A produção era muito pequena, a gente passava a noite lá. Eu chegava em casa umas 4 horas da manhã, a rotina era bem complicada”, explica Marilene da Silva.

As cozinhas onde são feitos os produtos ficam nas casas das mulheres. Algumas delas têm todo aparato necessário para uma verdadeira produção industrial. Os equipamentos, comprados após o início da comercialização dos bolos, broas e doces, trazem ainda mais facilidade e aceleram o ritmo de trabalho das empreendedoras.
 

Família - O pai de Marilene era o responsável pela plantação da raiz, entretanto está trabalhando para uma construtora no interior de São Paulo. A viagem para o estado paulista ocorreu há pouco tempo, mas ele deixou a terra pronta para a colheita na propriedade da família. A mãe, Luzia Josefa dos Santos, agora é quem cuida de tudo.

“Além da mandioca, a gente planta outras coisas, como feijão e o inhame. Tudo é calculado, pois a gente também consome o que cultiva aqui. Quando sobra, mandamos para feiras na região”, relata a produtora rural Luzia Josefa dos Santos.

Mais que dinheiro - A fabricação dos derivados da mandioca trouxe muitos benefícios para as mulheres da associação, situações que vão além da melhoria na situação financeira. “Tive a oportunidade de conhecer muitos lugares. Fomos a um congresso da mandioca em Salvador e outro em Maceió. Eu era tímida pra falar. Mas já comecei a me expressar mais”, justifica Marilene da Silva.

A futura pedagoga ainda acredita que poderá unir suas duas principais atividades, como professora e empreendedora. “Eu pretendo trabalhar na minha área, como professora, e também quero ter uma empresa, pois gosto de lidar com as pessoas, principalmente para conscientizá-las sobre temas importantes”, afirma.