Alagoas

Cruz Vermelha Internacional vai ajudar Alagoas a enfrentar a dengue

Por Redação com AMA 03/03/2016 18h06
Cruz Vermelha Internacional vai ajudar Alagoas a enfrentar a dengue
- Foto: Ilustração

Representantes da Colômbia e Espanha da Federação Internacional da Cruz Vermelha (FICV), além de dirigentes do Brasil e outros Estados, se reuniram nesta quarta-feira (2), na sede da filial de Alagoas, no bairro de Mangabeiras, com gestores da saúde do Estado (Sesau); do Conselho de Secretarias Municipais de Saúde (Cosems), da Defesa Civil; Câmara de Vereadores de Maceió, dentre outras personalidades envolvidas com a causa.

 

O objetivo da visita da comitiva nacional e internacional – que já esteve na Paraíba e Rio Grande do Norte e nesta quinta-feira (3) vai a Pernambuco – é conhecer as ações de combate ao Aedes aegypti e, a partir de então, definir estratégias de fortalecimento para a força-tarefa alagoana, com a experiência que a instituição tem em ações na guerra, ajuda humanitária, catástrofes e epidemias. A instituição está em 190 países e tem em média 497 milhões de voluntários no mundo.

 

A secretária de Saúde do Estado, Rosângela Wyszomirska, apresentou o cenário de Alagoas, com dados atualizados, da dengue, zika e chikungunya e expôs as dificuldades operacionais e de financiamento que os municípios vêm enfrentando para eliminar os focos do vetor, que tem preocupado as autoridades da área e afins.

 

A titular da Sesau afirmou que 70% dos municípios alagoanos estão com índice de infestação acima do considerado sob controle e que o Estado registrou 30.7 mil casos notificados de dengue em 2015, sendo que em 2014 foram 16 mil.

 

“Temos registrados até esta terça-feira (1) 228 casos suspeitos de microcefalia, sendo 224 em recém-nascidos – com quatro óbitos – e quatro casos intraúteros. Estamos há 30 anos tentando acabar com o Aedes e os municípios vêm fazendo a sua parte e o Estado já capacitou os agentes comunitários para apoiarem os agentes de combate a endemias”, destacou Rosângela.

 

ENTRAVES NA OPERACIONALIZAÇÃO – A secretária listou, dentre as dificuldades enfrentadas no combate ao mosquito a falta de uniforme e identificação dos profissionais; a desarticulação do trabalho entre agentes de combate a endemias e agentes comunitários de saúde; além da aplicação de recursos que os municípios estão fazendo de 21%, quando a Constituição define 15%, o que vem preocupando os gestores que não têm capacidade financeira para enfrentar o problema.

 

O diretor-financeiro do Cosems, Sival Clemente, ressaltou que as regiões do Agreste e Sertão – segundo mapa exposto pela Sesau – são as mais afetadas por causa da dificuldade de abastecimento de água, uma vez que a maior parte da população não tem água potável e armazena-a de forma inadequada.

 

“O país deve se preocupar com saneamento básico, abastecimento de água e o destino dos dejetos. Não dá para intensificar ações e priorizar o controle da dengue quando esta é a área menos financiada pelo Ministério da Saúde, já que o governo diminuiu o número de agentes de endemia na epidemia que estamos vivendo”, alertou.

 

Após a reunião com os diversos atores alagoanos envolvidos com o problema, a Cruz Vermelha vai fazer um relatório com as demandas do Estado, como forma de nortear a ajuda que a instituição pretende dar a Alagoas a partir de agora. O médico colombiano Edwin Armenta, da FICV, tomou ciência da situação de Alagoas e se comprometeu em apoiar a causa de combate ao Aedes.

 

Ele aposta na soma de esforços não só do poder público, mas de todas as instituições e de representantes da sociedade civil organizada no enfrentamento do Aedes. De acordo com Armenta, investimentos financeiros e políticas públicas para combater a epidemia são relevantes, mas reforça que somente a educação comunitária trará êxito no combate ao mosquito.

 

“Nossas ações humanitárias não vão vencer o mosquito se não houver um trabalho educativo e de conscientização ombro a ombro, envolvendo crianças, jovens e adultos no mutirão em suas próprias comunidades”, destacou o médico.

 

A voluntária da instituição, Salete Beltrão, sugeriu a formação de grupos de voluntários envolvendo estudantes, jovens e idosas que, ociosos, podem formar uma corrente de sensibilização e mobilização em suas comunidades para erradicar os focos do mosquito.

 

Participaram ainda do encontro a coordenadora do Departamento Nacional de Filiais da Cruz Vermelha, Anete Teixeira e o presidente da Filial da Cruz Vermelha na Paraíba, Sílvio Guerra, dentre outras autoridades do Estado e o presidente da Cruz Vermelha Brasileira, filial Alagoas, Roberto Cavalcante, que coordenou os trabalhos.