Papa aceita renúncia do arcebispo da Paraíba por escândalo de pedofilia
O Vaticano anunciou nesta quarta-feira (6) que o papa Francisco aceitou a renúncia do arcebispo da Paraíba, Aldo Di Cillo Pagotto, após uma investigação da Santa Sé sobre um escândalo de pedofilia. Comunicado não revela mais detalhes da decisão.
De acordo com a imprensa italiana, o religioso ítalo-brasileiro de 66 anos é suspeito de ter abrigado em sua diocese padres e seminaristas acusados de abusar sexualmente de menores e expulsos por outros bispos. Ele também manteria uma relação com um rapaz de 18 anos.
A Arquidiocese da Paraíba publicou uma nota no seu site oficial para explicar que foi o próprio Dom Aldo quem pediu o afastamento, por motivos de saúde. "Ao expressar a Dom Aldo Pagotto o agradecimento da Arquidiocese da Paraíba pelo bem que fez, em seu pastoreio, posso testemunhar-lhe, por experiência, que a renúncia ao governo diocesano não é demérito para nenhum Bispo, por ter completado 75 anos, como no meu caso, ou em razão de enfermidade, como no seu caso", diz Dom Genival Saraiva de França, administrador Apostólico da Arquidiocese da Paraíba, em trecho da nota. E finaliza: "Vamos viver este tempo de vacância da Arquidiocese da Paraíba com um coração misericordioso, no espírito do Jubileu da Misericórdia."
O próprio Dom Aldo Pagotto utilizou a mesma página virtual para publicar uma carta aberta em que lista alguns fatores que o obrigaram a tal atitude. No texto, o religioso rebate denúncia feita por um blog da capital da Paraíba que o coloca, junto com outros padres em atividade em João Pessoa, em meio a um escândalo envolvendo supostos encontros sexuais em casas paroquiais. Para ele, a publicação foi "difamatória" e "provocatória". Dom Aldo disse ainda que "embora sofra muito, mantém a consciência em paz".
E perde perdão no item 10 da carta, em que diz também que segue o exemplo de SS. o Papa Bento XVI, dando o espaço àquele que Deus enviar para o bem de sua Igreja. "Deixo registrado o meu pedido sincero de perdão às pessoas a quem eu tenha feito sofrer, voluntária ou involuntariamente. Cometi erros, acertei passos, estou disposto a caminhar com quem queira caminhar, construindo dias melhores para todos, superando o apego a cargos, títulos, privilégios."
O papa Francisco escolheu Dom Genival Saraiva de França para assumir o governo da Igreja Metropolitana da Paraíba até que um novo arcebispo seja eleito e tome posse canônica. Apesar de a Arquidiocese e Dom Genival Saraiva atribuírem a saída de Dom Aldo a problemas de saúde, o bispo emérito não cita qualquer enfrentamento a doenças em sua carta.
Depois do início da investigação do Vaticano, em 2015, Di Cillo Pagotto recebeu a determinação de não ordenar padres ou receber novos seminaristas. Segundo a imprensa italiana, o caso teria vindo à tona com a carta de denúncia de uma jovem mulher.