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João Havelange, ex-presidente da Fifa, morre aos 100 anos

Por Band News 16/08/2016 08h08
João Havelange, ex-presidente da Fifa,  morre aos 100 anos

Ex-presidente da Fifa, João Havelange morreu nesta terça-feira. A informação é do jornalista do Grupo Bandeirantes de Comunicação Ricardo Boechat.

Havelange estava internado em um hospital do Rio de Janeiro. No final do ano passado, o dirigente foi internado para tratar problemas pulmonares. 

Havelange esteve no comando da Fifa entre 1974 e 1998. Ele também foi presidente de honra da entidade até 2013, quando seu título foi retirado após denúncias de corrupção.

Ex-atleta e comandante da Fifa

Carioca de ascendência belga, Jean-Marie Faustin Goedefroid de Havelange, ou João Havelange (como ficou mais conhecido), nasceu no dia 8 de maio de 1916. Desde muito cedo dedicou sua vida ao esporte. Foi um histórico dirigente e atleta, tendo praticado natação e polo aquático profissionalmente.

Torcedor do Fluminense, destacou-se no próprio clube de coração como atleta. Começou nas categorias de base de futebol do clube, onde foi campeão carioca juvenil em 1931. Entretanto, não seguiu no futebol e rumou para a natação.

Debaixo da água, Havelange também gravou seu nome na história das Olímpiadas. Representou o Brasil nos Jogos de Berlim, na Alemanha, em 1936. No polo aquático, participou das Olímpiadas de Helsinque, na Finlândia, em 1952. Quatro anos depois teve o privilégio de chefiar a delegação brasileira na Austrália, em Melbourne.

Embora tenha participado da história do esporte como atleta, foi como dirigente que João Havelange mais se destacou. Presidiu a CBD (Confederação Brasileira de Despostos, antecessora da CBF) – que na época congregava 24 esportes, e não só o futebol – de 1958 a 1974. Ou seja, justamente o período em que o futebol brasileiro viveu sua época de ouro: a Seleção foi tricampeã mundial (1985, na Suécia, 1962, no Chile, e 1970, no México).

Em 1974, assumiu a presidência da Fifa, onde ficou até 1998. Considerado o homem mais poderoso do futebol mundial durante esses 24 anos no cargo, Havelange deu uma certa revolucionada no futebol, tendo organizado seis Copas do Mundo. Ajudou no processo de tornar o esporte o fenômeno de marketing e espetáculo que é atualmente, aumentando de 146 para 196 o número de países na entidade (mais filiados que as Nações Unidas).

Após presidir a Fifa, foi substituído pelo suíço Joseph Blatter, atual mandatário da entidade. Foi aclamado, por unanimidade, presidente de Honra da entidade. Além disso, fora do futebol, também já havia sido presidente da Federação Paulista de Natação.

Denúncias de corrupção

Depois de quase meio século de influência na cúpula do esporte, João Havelange deixou o COI (Comitê Olímpico Internacional), onde era membro, em dezembro do ano passado, meses antes de morrer, aos 95 anos. Tudo por conta de suspeitas de corrupção, as mesmas que afetaram Ricardo Teixeira, ex-presidente da CBF , seu ex-genro. Teixeira foi casado por mais de 20 anos com a filha de Havelange, Lúcia, de quem se separou em 1997.

Havelange se viu obrigado a renunciar em meio às alegações de corrupção. O caso mais grave envolve a ISL, empresa que vendia direitos de TV da Fifa. De acordo com a rede “BBC”, um tribunal suíço concluiu que o brasileiro seria um dos que se beneficiavam da propina, que chegaria a 6 milhões de libras esterlinas.

Inúmeras homenagens

João Havelange é, sem dúvida, um dos nomes de esporte que mais receberam homenagens ao longo da história. Entre algumas das principais obras e competições que levam seu nome, estão o estádio do Engenhão, um camarote no Maracanã e até mesmo a edição de 2000 do Campeonato Brasileiro. Também recebeu diversas condecorações e títulos, como a comenda Cavaleiro da Legião de Honra, na França, e a Ordem do Mérito especial nos esportes no Brasil.