Esquema que envolve Aviões do Forró sonegou R$ 500 milhões, diz PF
Em coletiva para falar sobre fraudes no Imposto de Renda investigadas em um dos maiores grupos empresarias de forró do país, a Polícia e Receita Federal afirmaram, nesta terça-feira (18), que as irregularidades podem chegar a R$ 500 milhões. Pelo menos quatro bandas administradas pela A3 Entretenimento são investigadas, entre elas a Aviões do Forró. O grupo é responsável por famosas bandas de forró e casas de show no Ceará.
Segundo a delegada Dora Lúcia Oliveira de Souza, até o momento, foram apreendidos R$ 600 mil em dinheiro, 69 veículos e bloqueados 163 imóveis de pessoas ligadas ao grupo empresarial. " As buscas ainda não estão concluídas", frisou ela, informando também que Xand e Solange Almeida, vocalistas da banda Aviões do Forró, já prestaram depoimento. “Eles foram ouvidos, mas foram só esclarecimentos. Vale ressaltar que foi apenas um termo de declaração”, disse.
Em nota, a banda informou “que está à disposição da Polícia Federal e da Justiça e que colaborará com todos os questionamentos em relação à operação”. Entre as pessoas levadas à sede da Polícia Federal em Fortaleza para prestar depoimento estão os empresários Isaías Duarte e Carlos Aristides, do grupo A3 Entretenimento.
As investigações são relativas aos anos de 2012 e 2014. “Os contratos eram feitos com 20% do valor efetivo, e o resto circulava por fora com valor em espécie”, informou a delegada. Somente com relação às bandas, a sonegação seria em torno de R$ 121 milhões.
O grupo ainda adquiria bens, como veículos e imóveis, sem declarar ao Fisco. Também foram encontradas divergências sobre valores pagos a título de distribuição de lucros e dividendos, movimentações bancárias incompatíveis com os rendimentos declarados, pagamentos elevados em espécie, além das diversas variações patrimoniais. No decorrer da investigação, foram identificados indícios de lavagem de dinheiro, falsidade ideológica e associação criminosa.
Foram cumpridos 32 mandados de condução coercitiva (quando a pessoa é levada a depor e depois é liberada), sendo 26 de pessoas jurídicas e 6 de pessoas físicas. Cerca de 260 policiais federais e 35 auditores participam da operação em Fortaleza, Russas e Sousa (PB).
O nome da operação faz referência à expressão da língua inglesa "For All, que significa "para todos" em português. Há notícias de que no início do século XX, engenheiros britânicos instalados em Pernambuco para construir uma ferrovia promoviam bailes abertos ao público, “para todos”. O termo passou a ser pronunciado “forró”. “O nome da operação veio dessa origem popular da palavra forró, principal ramo de atividade do grupo investigado”, diz a polícia.