Diferentonas, mães se desprendem de preconceitos e relatam histórias vividas com filhos em Arapiraca
‘Um nasceu à meia noite, o outro ao meio dia’. Esta coincidência temporal diz muito sobre a personalidade da nossa entrevistada. Uma mãe diferentona, a frente de seu tempo, como gosta de dizer em conversa entre amigos. Marta Eugênia é figura conhecida e de reconhecimento em Arapiraca. Inteligente, chama a atenção mesmo que tente passar despercebida.
Baiana, veio até a capital do agreste aos 6 anos de idade. O pai dela trabalhava com plantio de fumo e viu na pequena cidade do interior alagoano uma forma de expandir os negócios da família.
Já enraizados e ambientados ao novo lar, Marta cresceu, casou, iniciou a faculdade e se descobriu mãe aos 19 anos. Algum tempo depois, houve a separação do casal. Ela se viu completamente responsável pela criação dos dois filhos: Alisson Inácio e Ryan Pedro. Ambos com características bastante distintas. O primeiro é formado em química e atualmente cursa engenharia. Ele também é guitarrista e toca em uma banda evangélica. Já o segundo cursa engenharia civil.
Nesse meio tempo a família teve de lidar com o preconceito. Marta contou à reportagem que nos idos de 2009 encontrou os filhos chorando após brincarem com amigos na vizinhança. Ao questionar os filhos, ela soube que uns coleguinhas disseram não poderem andar na companhia deles porque eles eram filhos de mãe solteira, leia-se divorciada.
Marta também disse ter passado por situações conflituosas. Isso devido ao estilo de educação dados aos filhos. Estabeleci uma relação aberta com as crianças e ensinei-as a falarem o que sentem. As incertezas, dúvidas, medo. Tudo poderia ser dito. Essa forma de relacionamento muitas vezes foi vista com maus olhos por aqueles que não partilhavam nossa rotina.
Para se ter uma ideia... Meu filho mais velho, aos 12 anos, já possuía a cópia da chave de casa. Quando adolescentes, camisinha já fazia parte do orçamento familiar.
Ser mãe solteira também foi um desafio para Marisélia Gonçalves. Mas isso não foi um problema para essa jovem mamãe. Ao contrário, ela gosta de enfrentar situações novas. Comunicativa, nos recebeu com sorriso no rosto em um restaurante no Centro da cidade. Na oportunidade, detalhou momentos porquê passou ao se tornar mãe do pequeno Lucas Henrique.
Aos 15 anos, ficou grávida do primeiro namorado. Diante da mudança de vida, muitos amigos se afastaram. Acreditavam que Marisélia era má influência. Transferiu-se para outra escola onde foi bem aceita pelos colegas de classe.
Hoje, aos 22, é assistente de logística em uma empresa de materiais de construção. Também cursa o 5º período de administração. Mais ela sonha alto e quer mais. Dona de lindos cachos, já foi alvo de maus olhares devido ao formato do cabelo. Essa situação rendeu uma interrogação. “Será que assim como eu mais alguém já sofreu com a ditadura do cabelo liso?”
O questionamento deu asas a um grupo de Whatsapp reunindo meninas portadoras de cachinhos. Mais à frente, rendeu alguns ensaios fotográficos. A vontade agora é criar um canal no YouTube. Aí o leitor se pergunta, qual o tempo essa jovem dedica ao filho? Todo do mundo, disse. Desde o acordar até a hora de dormir. Um dia desses, ele resolveu me acordar com cartinhas dizendo: Mamãe, te amo! Um fofo, conclui.