Capital

Mães de bebês com microcefalia enfrentam drama para conseguir remédios gratuitos

Medicamentos chegam a custar R$ 300 mensal, mas familiares não têm condições de pagar

Por Mariane Rodrigues com informações da TV Ponta Verde 19/04/2017 11h11
Mães de bebês com microcefalia enfrentam drama para conseguir remédios gratuitos
Mães encontram dificuldades para ter acesso a medicamentos na Rede Pública - Foto: Ilustração

Mães de bebês com microcefalia enfrentam um drama para conseguir remédios nas farmácias do estado para o tratamento da doença. O valor mensal chega a R$ 300 e muitas, sem condições, estão pagando por um produto que têm direito de adquirir gratuitamente

É o caso de Rosigleide Oliveira, que tem pedido ajuda a seus familiares para custear o remédio de seu filho, que tem um ano e 10 meses. O medicamento para o tratamento da criança se chama Sabril, responsável por inibir ataques epiléticos.

 “Ele fica sem tomar, e isso o prejudica, porque cada espasmo que ele tem, diminui o desenvolvimento dele”, reclama a mãe.

O mesmo drama é sentido por Anne Carolina Rosa, mãe de Moisés, de um ano e dez meses. Ela não trabalha porque precisa cuidar do filho durante todo o dia, e o pai da criança não pode pagar o valor do medicamento, R$ 300.

 “Meu filho está sem tomar o medicamento porque a gente não tem dinheiro para comprar. O remédio está em falta há um ano. Ele já teve duas convulsões e estava com começo de crise. Levei para a neurologista, e ela disse que ele precisava tomar esse medicamento. Mais ou menos umas seis caixas, e depois começar a tomar um mais barato”, explica a mãe.

O recomendado é que quando as mães de crianças com microcefalia sentirem dificuldades de conseguir os medicamentos, procurem a Defensoria Pública do Estado, para, por meios judiciais, ter o acesso.

“Todos aqueles que estão em tratamento médico e não estão conseguindo acessar o medicamento, seja na Secretaria de Saúde do Estado ou do Município, nas farmácias ou ainda nos postos de saúde para medicamentos básicos, a Defensoria Pública e o poder judiciário são as alternativas para que essas pessoas tenham acesso aos seus direitos”, afirma o defensor público, Daniel Alcoforado.

A Defensoria Pública do Estado de Alagoas informou que uma reunião foi realizada com as mães na última segunda-feira (10) para falar sobre os remédios que não estão sendo repassados pelo estado.  A Defensoria, em conversa com a Secretaria de Saúde do Estado, solicitou que o tratamento fosse regularizado em um prazo de 15 dias. Caso a ordem não seja cumprida, o órgão ingressará uma Ação Civil Pública contra o estado para garantir o repasse.

Procurada pelo 7 Segundos , a Secretaria de Estado da Saúde (Sesau), confirmou que o medicamento Sabril, requisitado pelas mães da reportagem, está em falta nas farmácias, e orientou que os pacientes solicitem aos médicos que prescrevam outros remédios anticonvulsionantes. No entanto, a secretaria não respondeu por que falta a medicação.

“A secretaria de estado da saúde informa que há um processo de compra emergencial para a aquisição do medicamento Sabril. Esclarece, no entanto, que as mães dos pacientes com microcefalia podem solicitar aos médicos que prescrevam, em vez do Sabril, os medicamentos Lamotrigina, Topiramato ou Gabatentina, que também são anticonvulsionantes e estão disponíveis no Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (Ceaf) de Alagoas.

Microcefalia

A Microcefalia é uma malformação congênita, em que sua principal característica é a formação do cérebro, que se desenvolve de maneira inadequada. A cabeça dos bebês apresenta um perímetro cefálico menor do que o habitual, ou seja, inferior a 32 cm.

A doença não tem cura e nem um tratamento específico. Comumente, as condições afetadas na criança são respiratórias, neurológicas e motoras. Assim, ela pode receber acompanhamento de diferentes especialistas, dependendo de qual função ficou comprometida. Apesar disso, se receber suporte desde os primeiros dias de vida, a criança pode se desenvolver melhor, até chegar à fase adulta. E todo o acompanhamento pode ser feito pelo Sistema Único de Saúde.