Governo libera R$ 141 milhões em emendas a deputados que apoiaram Temer na CCJ
Dos 40 deputados que votaram pela rejeição do parecer que recomendava a abertura de investigação contra o presidente Michel Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, 38 tiveram R$ 141 milhões em emendas parlamentares empenhadas. Esse valor corresponde ao período entre junho, após a divulgação da delação do empresário Joesley Batista, que foi usada na denúncia contra Temer, e as duas primeiras semanas deste mês, às vésperas da votação.
Na quinta-feira, o colegiado barrou por 40 votos a 25 o parecer do relator Sergio Zveiter (PMDB-RJ) que recomendava a admissibilidade do pedido da Procuradoria-Geral da República para investigar Temer por corrupção passiva. Em seguida, governistas conseguiram aprovar um texto alternativo que sugere a rejeição do mesmo pedido, assinado pelo deputado Paulo Abi-Ackel (PSDB-MG).
Apenas dois dos 40 parlamentares que barraram o parecer de Zveiter não tiveram emendas liberadas desde junho: Elizeu Dionizio (PSDB-MS) e Maia Filho (PP-PI), que é suplente de outro parlamentar. Na bancada tucana, dos sete integrantes apenas dois foram a favor do governo - Abi-Ackel e Dionizio, que, segundo relatos, foi pressionado pelo governador de seu Estado, Reinaldo Azambuja (PSDB), a votar contra o parecer de Zveiter.
As emendas parlamentares são os principais recursos destinados a deputados e senadores para que eles possam viabilizar obras e benfeitorias em seus redutos eleitorais. Cada parlamentar pode apresentar até 25 emendas individuais. O valor total previsto para emendas neste ano é de R$ 6,3 bilhões.
Já os 25 parlamentares que votaram contra Temer receberam menos da metade desse valor no mesmo período. Foram liberados R$ 73,2 milhões em emendas dos cofres públicos para os deputados que acreditam haver indícios suficientes para uma investigação contra o presidente.
Acusações
O governo começou a usar as emendas como forma de aglutinar a base no Congresso justamente quando as acusações contra Temer passaram a ameaçar seu mandato. Entre janeiro e maio deste ano, por exemplo, os mesmos 40 que votaram a favor do governo já haviam recebido pouco mais de R$ 1,6 milhão em emendas.
Entre os maiores beneficiados pelo governo com esse tipo de recurso estão os deputados Paes Landim (PTB-PI), com R$ 6,7 milhões em emendas, Edio Lopes (PR-RR), com R$ 5,1 milhões, e Abi-Ackel, que teve outros R$ 5,1 milhões em recursos do Orçamento. Terceiro colocado no ranking de emendas, Abi-Ackel foi o parlamentar responsável por apresentar o parecer favorável ao presidente.
As trocas feitas pelo governo na CCJ, antes da votação da denúncia, também ajudam a elevar o valor desembolsado em emendas parlamentares. Os 14 deputados que se tornaram titulares da comissão com ajuda do Palácio do Planalto receberam, no total, mais de R$ 56 milhões em recursos do Orçamento. No entanto, dois deles contrariaram o governo e votaram pela admissibilidade da denúncia: Renata Abreu (Podemos-SP) e Laércio Oliveira (SD-SE).
Condições
Procurado pela reportagem, o ministro da Secretaria de Governo, Antonio Imbassahy, diz que não há favorecimento de parlamentares da base na liberação de emendas. "Eu não olho isso, se o deputado está ou não na CCJ. O que está em condições de ser pago, nós estamos liquidando."
Líder no ranking de emendas empenhadas, o deputado Paes Landin negou que o valor repassado a ele --R$ 6,7 milhões-- tenha a ver com o seu voto. "Eu sempre votei com o governo Temer, independentemente das emendas. Sou amigo pessoal do presidente, conheço ele desde a Constituinte, eu tenho bom relacionamento com ele, e acho que por se tratar de um julgamento político, e politicamente falando neste momento, é imprópria a saída do presidente", afirmou.
Abi-Ackel, por sua vez, disse que seu voto não está ligado às emendas. "Eu não me submeteria a isso, em hipótese nenhuma. O meu voto faz parte de uma convicção absoluta de que a denúncia é frágil e não suficiente para afastar um presidente da República. O voto foi baseado no meu conhecimento jurídico depois de 20 anos como advogado", afirmou. Já o deputado Edio Lopes não foi encontrado para comentar o assunto.
Veja também
Últimas notícias
Investimento do Governo de Alagoas na Grande Maceió vai gerar 42 mil empregos diretos
Médico que foi assassinado por ex respondia por estupro de vulnerável e violência contra mulher
SSP convoca 961 vítimas de roubo ou furto de celulares para restituição de aparelhos
Autor da lei que autoriza escola bilíngue na rede municipal, Leonardo Dias comemora implantação da unidade
Ex-presidente da Federação Espanhola é atacado com ovos pelo tio; entenda
Polícia Científica promove emissão de carteiras funcionais para Bombeiros
Vídeos e noticias mais lidas
“Mungunzá do Pinto” abre os eventos do terceiro fim de semana de prévias do Bloco Pinto da Madrugada
Tragédia em Arapiraca: duas mulheres morrem em acidente no bairro Planalto
[Vídeo] Comoção marca velório de primas mortas em acidente de moto em Arapiraca: 'perda sem dimensão'
Militares lotados no 14º Batalhão de Joaquim Gomes prendem homem suspeito de estrupo de vulnerável
