Namorada de atirador de Las Vegas desconhecia planos de massacre
"Conheci um Stephen Paddock bondoso, carinhoso e tranquilo", revelou a namorada
A namorada do responsável pelo massacre de Las Vegas, que deixou 58 mortos, disse nessa quarta-feira (4) que desconhecia os planos de seu companheiro de atirar contra uma multidão, e se comprometeu a ajudar nas investigações.
Três dias depois de Stephen Paddock matar 58 pessoas e ferir mais de 500 em pleno centro de Las Vegas, Marilou Danley, de 62 anos, voltou aos Estados Unidos das Filipinas, onde passava alguns dias de férias. "Nunca me disse nada ou fez qualquer ação que me alertasse que algo terrível como isso pudesse acontecer", disse a mulher em um comunicado lido por seu advogado.
"Conheci um Stephen Paddock bondoso, carinhoso e tranquilo", revelou Marilou Danley em um comunicado lido por seu advogado, Matthew Lombard. "Eu o amei e apostei em um futuro tranquilo juntos".
O contador público aposentado de 64 anos atirou contra cerca de 22.000 pessoas reunidas em um festival de música country do quarto do 32º andar do hotel Mandalay Bay. Ele se matou antes da chegada da Polícia.
"Os Estados Unidos estão de luto", disse o presidente Donald Trump em uma visita a Las Vegas com sua esposa Melania. "É difícil encontrar palavras para explicar aos nossos filhos como pode haver tanta maldade".
A motivação do atirador continua sendo uma incógnita. O que se sabe é que Paddock gostava de apostar e era dono de um arsenal. Está claro que foi uma ação planejada -ele colocou até mesmo uma câmera fora do quarto para saber se a polícia chegaria para buscá-lo- mas não deixou nem um bilhete, nem uma carta, nem um manifesto.
Sem ligação com "terrorismo"
Fotografias divulgadas na imprensa mostram parte do corpo do atirador no chão do quarto junto com várias metralhadoras e muitos cartuchos de bala.
Um total de 47 armas de fogo que pertenciam ao atirador foram encontradas em seu quarto de hotel e na sua casa em Mesquite (130 km de Las Vegas). Também foram encontrados vários quilos de explosivos, milhares de munições e nitrato de amônio, um fertilizante que pode servir como forte explosivo.
Este caso "é um pouco diferente de outros que tratamos no passado, porque ainda não temos pistas para determinar a ideologia do atirador ou explicar seus motivos", disse à rede CNBC Andrew McCabe, subdiretor do FBI, que analisa 67 vídeos de segurança.
"Temos que fazer um grande trabalho policial para juntar as diferentes peças e armar o quebra-cabeças", acrescentou.
Por enquanto, foi descartado vínculo de Paddock com o grupo extremista Estado Islâmico (EI), que reivindicou o ataque sem dar provas e o chamou de "soldado do califado".
O presidente da comissão de Inteligência do Senado, Richard Burr, disse que o massacre com tiros não parece ser de natureza "terrorista".
Danley explicou que há duas semanas Paddock lhe disse ter encontrado uma passagem de avião barata para que fosse visitar sua família nas Filipinas.
"Como todos os filipinos no exterior, estava emocionada em ir para casa e ver parentes e amigos" e "enquanto estava lá ele me enviou dinheiro, disse que era para comprar uma casa para mim e para minha família", declarou Danley sobre uma transferência de 100.000 dólares.
Segundo a NBC News, além dos 100.000 dólares, Paddock tinha apostado cerca de 160.000 dólares em cassinos nas últimas semanas.
"Não falaremos" de armas hoje
Os americanos, ainda comovidos, conhecem as histórias das vítimas e dos sobreviventes, se emocionam com seus heróis comuns e se disponibilizam a ajudar como podem.
"Vimos aqui uma valentia tremenda, a polícia, incrível, as pessoas, incríveis. Em nome do nosso país, do nosso grande país, quero agradecer a todos. Vocês são uma inspiração", declarou Trump, recordando que pessoas feridas ajudaram outras em meio à fatídica noite de domingo.
"Os Estados Unidos estão de luto (...). É difícil encontrar palavras para explicar aos nossos filhos como pode haver tanta maldade".
Questionado sobre a facilidade de se obter fuzis de assalto e outros armamentos de grande poder de fogo nos Estados Unidos, o presidente evitou a questão: "não vamos falar de armas hoje".