Dados apontam que Alagoas tem menos médicos do que a média nacional
Alagoas tem 4.575 médicos para atender uma população de 3,3 milhões de habitantes, o que dá uma proporção de 1,36 profissionais por mil habitantes (a média nacional é de 2,18). Os médicos especialistas são 64% do total de profissionais, contra 36% de generalistas, com uma razão de 1,78 especialistas para cada generalista. As mulheres já são maioria entre os profissionais alagoanos (representam 52,2% do total, contra 47,8% de homens). A idade média dos profissionais é de 49 anos, maior do que a média nacional, de 45 anos, com um tempo de formação médio de 23,1 anos. A maioria dos médicos (58,4%) está na faixa etária acima de 44 anos, com uma concentração entre 55 a 69 anos (34,5%).
Os dados constam da pesquisa Demografia Médica 2018, realizada pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP), com o apoio institucional do Conselho Federal de Medicina (CFM) e do Conselho Regional de Medicina de São Paulo. O levantamento, coordenado pelo professor Mário Scheffer, usou ainda bases de dados da Associação Médica Brasileira (AMB, Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM), Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e Ministério da Educação (MEC).
No Estado, a clínica médica concentra o maior número de especialistas (516), seguida pela pediatria (438), ginecologia e obstetrícia (338), cirurgia geral (292) e anestesiologia (251). As especialidades com menor número de especialistas são cirurgia de mão (4), genética médica (5), medicina nuclear (9), radioterapia (10) e cirurgia de cabeça e pescoço (11).
Em Maceió, capital de Alagoas, onde moram 1 milhão de alagoanos, atendidos por 3.858 médicos, o que dá uma proporção de 3,75 por mil habitantes e uma concentração de 84,3% de profissionais morando na capital. Desses profissionais, 54,7% são do sexo feminino e 45,3%, masculino. Os especialistas são 67,7% e os generalistas, 32,3% dos médicos que atuam na capital alagoana.
Para os Conselhos de Medicina, os números apresentados confirmam o equívoco do Governo, que tem defendido o aumento da população de médicos como solução para resolver as dificuldades de acesso aos serviços de saúde no País. Pelos dados, esse crescimento, percebido em nível nacional nos últimos anos, não tem repercutido nas regiões mais distantes e menos desenvolvidas. Por outro lado, avaliam as entidades, a presença significativa de profissionais, como registrado em alguns estados e municípios, não tem sido suficiente para eliminar problemas graves de funcionamento da rede pública e de acesso aos serviços, decorrentes da falta de qualidade na gestão e da adoção de políticas públicas eficientes no setor.
Dados nacionais - Para uma população de 207,7 milhões de pessoas, o Brasil tem hoje 452,8 mil médicos, o que corresponde a 2,18 médicos por mil habitantes. Os homens são maioria nessa profissão, 55,1%, enquanto as mulheres são 44,9%. Em 2010, data de realização da primeira demografia médica, as mulheres eram 41% do conjunto de profissionais.
Na primeira Demografia Médica, os médicos generalistas correspondiam a 44,9%, contra 55,1% de especialistas. Agora, estes são 62,5, enquanto àqueles representam 37,5% dos profissionais. A razão entre especialistas e generalistas é de 1,66. Segundo o coordenador da pesquisa, Mário Scheffer, este aumento no número de especialistas se deve não só à melhoria na formação, como a um aperfeiçoamento na captura de dados nas bases dos conselhos regionais de medicina, Associação Médica Brasileira (AMB) e Comissão Nacional de Residência Médica (CNRM).
Em nível nacional, a clínica médica concentra o maior número de especialistas (42.728, o que corresponde a 11,2% do total), seguida pela pediatria (39.234, ou 10,3%), cirurgia geral (34.065, 8,9%), ginecologia e obstetrícia (30.415, 8%) e anestesiologia (23.021, 6%). A pesquisa não conseguiu localizar nenhum especialista em Emergência Médica, especialidade reconhecida recentemente e com poucos centros formadores.
Em seguida, a especialidade com o menor número de especialistas é genética médica (305, ou 0,1%), radioterapia (734), cirurgia de mão (791) e medicina de esporte (827), que correspondem, cada uma, a 0,2% dos especialistas. Vale destacar que clínica médica é pré-requisito para 12 especialidades e cirurgia geral para 10. A idade média dos médicos é 45 anos, sendo que a grande maioria (49,8%) está na faixa etária entre 30 a 49 anos. O tempo de formado é de 19 anos.
Regiões - Enquanto a média nacional é de 2,18 médicos por mil habitantes, na Região Norte ela é de 1,16. Para uma população de 17,9 milhões de habitantes, o que corresponde a 8,6% de brasileiros, trabalham nessa região, 20.884 médicos, o que dá 4,6% dos médicos brasileiros. O estado nortista com melhor proporção de médicos é o Tocantins, com 1,67 médicos por mil habitantes, já o menor é o Pará, com 0,97.
Em seguida como pior distribuição de médicos está a região Nordeste, com 1,41 médicos por mil habitantes. Moram na região 80.623 médicos (17,8% do total de profissionais), para atender 57,2 milhões de nordestinos (27,6% da população). O estado nordestino com melhor proporção de médicos é Pernambuco (1,73) e o menor é Maranhão (0,87).
A região Sul vem em seguida, com 2,31 médicos por mil habitantes. São 68.430 médicos (15,2%) para uma população de 29,6 milhões (14,3%). Não há muita diferença entre a melhor e a pior distribuição: a melhor distribuição é o Rio Grande do Sul, com 2,56, e o pior é o Paraná, com 2,09.
Puxado pelo Distrito Federal, que tem 4,35 médicos por mil habitantes, o Centro-Oeste é a segunda região com melhor distribuição: 2,36. Nessa região, moram 15,8 milhões de habitantes (7,6% da população), que são atendidos por 37.536 médicos (8,3% desses profissionais). A pior distribuição é em Mato Grosso, que tem 1,63 médicos por mil habitantes.
O Sudeste, que responde por 41,9% da população brasileira, com 86,9 milhões de habitantes, também concentra o número de médicos: são 244.304 profissionais, que representam 54,1% da comunidade médica, o que dá uma proporção de 2,81 médicos por habitantes. O melhor percentual é no Rio de Janeiro, 3,55, e o pior em Minas Gerais, 2,30.