Mãe de assaltante processa policial por usar vídeo da morte de seu filho em guia eleitoral
A policial militar de São Paulo conhecida por matar um assaltante em frente a uma escola em Suzano, na Grande São Paulo, em 12 de maio deste ano, está sendo processada pela mãe do jovem. Kátia da Silva Sastre, 42 anos, eleita deputada federal de SP, utilizou imagens do ocorrido em seu guia eleitoral. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
“Ao exibir a cena na propaganda eleitoral, dia após dia, ela me torturou e à minha família de um modo terrível”, armou Regiane Neves da Silva Ferrari, mãe de Elivelton, em entrevista ao jornal. A cozinheira pede R$ 477 mil na ação contra a policial, o equivalente a 500 salários mínimos.
Kátia Sastre compartilhou o guia no Facebook no início de setembro e armou: "Atirei, e atiraria de novo". Na propaganda eleitoral, as imagens do ocorrido apareciam do lado esquerdo da tela. O jovem ainda chegou a ser levado para uma unidade de saúde, mas não resistiu aos ferimentos.
Com trajes militares, a cabo diz que sua filha e outras crianças estavam na mira do assaltante e que agiu como policial e mãe. "Vou ter sempre a mesma atitude no combate ao crime. Coragem eu tenho", concluiu. A cabo foi a sétima deputada mais votada no estado de São Paulo. Ela recebeu 264.013 votos, o equivalente a 1,25% dos válidos.
“Quando dizia que matou e que mataria de novo, eu pensava que era a mim que ela estava querendo matar”, prossegue a mãe do jovem. “Toda vez que a cena aparecia na TV, meus netos gritavam: ‘vó, estão matando o Zoca de novo, venha ver’”. A cozinheira ainda complementou que o jovem era um adolescente maravilhoso, mas começou a se envolver com crimes por causa das companhias. “Tentei de tudo, fiz tudo o que uma boa mãe faz pelo filho, mas não consegui tirá-lo da criminalidade”, prosseguiu em entrevista à Folha.
Na época do fato, Sastre chegou a ser homenageada pelo governador do estado, Márcio França, fato que também foi criticado pela mãe do assaltante. "Ela foi homenageada por ser Dia das Mães, mas ele também tinha mãe", finaliza.
TRE
Em 5 de setembro, o Tribunal Regional Eleitoral (TRE) de São Paulo chegou a conceder uma liminar em que proibia a veiculação das imagens, em representação proposta pela Coligação Sem Medo de Mudar São Paulo, composta por PSOL e PCB, contra Kátia Sastre. O PR entrou com recurso e conseguiu anulação da liminar em 19 de setembro.
Kátia Sastre foi procurada pela reportagem da Folha de S. Paulo, mas disse que não foi noticada da ação e que, por isso, não poderia fazer nenhum comentário.