Política

Bolsonaro anuncia líder da bancada ruralista como ministra da Agricultura

Por Uol 07/11/2018 18h06
Bolsonaro anuncia líder da bancada ruralista como ministra da Agricultura
Bolsonaro anuncia líder da bancada ruralista como ministra da Agricultura - Foto: Reprodução/Uol

O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), confirmou nesta quarta-feira (7) que a líder da bancada ruralista no Congresso Nacional, deputada Tereza Cristina (DEM-MS), será a futura ministra da Agricultura. É a primeira mulher a integrar o futuro governo de Bolsonaro, que agora conta com seis ministros anunciados.

O anúncio foi feito pelo Twitter pelo presidente eleito no fim da tarde desta quarta, depois que deputados federais integrantes da FPA (Frente Parlamentar da Agropecuária) foram ao encontro de Bolsonaro para apresentar o nome de Tereza Cristina. No anúncio, Bolsonaro tratou da pasta, que hoje engloba Pecuária e Abastecimento, como Ministério da Agricultura.

A deputada é presidente da FPA (Frente Parlamentar Mista da Agropecuária), grupo que reúne mais de 200 parlamentares, entre deputados federais e senadores, e é um dos principais grupos de pressão da bancada ruralista no Congresso Nacional. Tereza Cristina é engenheira agrônoma e foi secretária de Desenvolvimento Agrário, Produção, Indústria, Comércio e Turismo do Mato Grosso do Sul, de 2007 a 2014.

Ao deixar a reunião, o vice-presidente da FPA, deputado Alceu Moreira (MDB-RS), disse que já havia uma combinação com Bolsonaro antes de ele ser eleito. 

"Viemos aqui conversar com o presidente eleito sobre uma combinação que fizemos quando ele ainda era candidato de que teríamos a possibilidade de sugerir o nome do ministro da Agricultura para o seu governo", disse Moreira. "Depois de uma longa e profunda discussão da FPA, encontramos na pessoa da nossa presidente, Tereza Cristina, uma mulher, agrônoma, produtora rural, deputada e presidente da frente. Ela foi consenso na nossa indicação."

Cerca de 15 deputados da bancada compareceram na tarde desta quarta ao CCBB (Centro Cultural Banco do Brasil), onde a equipe de transição trabalha até a posse de Bolsonaro na Presidência, marcada para 1 de janeiro de 2019. Além da indicação de Tereza Cristina, a frente apresentou três nomes para compor a equipe de transição.

Antes de Tereza Cristina, já haviam sido confirmados cinco ministros: Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para a chefia da Casa Civil; general Augusto Heleno (PRP-DF) para a pasta da Defesa e, depois, para o Gabinete de Segurança Institucional; Paulo Guedes para a Economia; o astronauta Marcos Pontes para a Ciência e Tecnologia e o juiz federal Sergio Moro para a Justiça e Segurança Pública.

Na primeira lista dos nomeados e designados com 27 nomes para a transição, não houve mulheres. A próxima lista deverá ser publicada nesta quinta (8) no Diário Oficial da União e a previsão é de que quatro mulheres sejam incorporadas à equipe.

O futuro ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), general da reserva do Exército Augusto Heleno, afirmou que Tereza Cristina não foi escolhida por ser mulher, mas por ser competente.

"Não pesou ser mulher. É o que ele [Bolsonaro] disse desde o início: se for competente e mulher, tudo bem. Problema nenhum", falou. "É lógico que foi considerada a competência dela e o lado político. Sempre é assim."

O general afirmou que ainda não há nome para assumir a pasta do Meio Ambiente. Questionado sobre uma possível reestruturação, disse não saber e brincou que deverá "ser vegano".

O produtor rural Nabhan Garcia, que é amigo de Bolsonaro há quase 30 anos, preside a UDR (União Democrática Ruralista) e era cotado para assumir a Agricultura, criticou há uma semana a possibilidade de um nome indicado pela frente parlamentar assumir a pasta. "É tudo o que o Bolsonaro sempre pregou contra na pré-campanha e na campanha, de que não haveria indicação política ou interferência".

Na manhã desta quarta, Bolsonaro escreveu em seu perfil do Twitter que não se preocupa com o sexo, cor ou sexualidade dos membros que integrarem seu governo. "Não estou preocupado com a cor, sexo ou sexualidade de quem está na minha equipe, mas com a missão de fazer o Brasil crescer, combater o crime organizado e a corrupção, dentre outras urgências", escreveu Bolsonaro.

À tarde, além de ter tido o primeiro encontro a sós com o presidente Michel Temer (MDB) no Palácio do Planalto e ter recebido a bancada ruralista no CCBB, Bolsonaro recebeu o governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB).