Brasil

'Querem me atingir', diz Bolsonaro sobre quebra do sigilo bancário do filho

Justiça autorizou a quebra dos sigilos bancário e fiscal do senador Flávio Bolsonaro

Por G1 16/05/2019 15h03
'Querem me atingir', diz Bolsonaro sobre quebra do sigilo bancário do filho
Presidente Jair Bolsonaro - Foto: Isac Nóbrega/PR

O presidente Jair Bolsonaro afirmou nesta quinta-feira (16) em Dallas, nos Estados Unidos, que o objetivo da quebra do sigilo de um dos filhos, o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), é atingi-lo.

A quebra dos sigilos bancário e fiscal do senador foi autorizada pela Justiça. Relatório do Ministério Público do Rio (MPRJ) aponta indícios de que Flávio Bolsonaro comprou e vendeu imóveis para lavar dinheiro. O MP também aponta indícios de que houve um esquema criminoso organizado no gabinete de Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual no Rio. Flávio nega as acusações.

"Querem me atingir", respondeu Jair Bolsonaro ao ser questionado sobre o assunto nos Estados Unidos, para onde viajou a fim de se encontrar com o ex-presidente George W. Bush e de receber uma homenagem da Câmara de Comércio Brasil-Estados Unidos. Para o presidente, a medida é uma "ilegalidade".

Bolsonaro sugeriu que quem quiser atingi-lo vá "para cima" dele. Ele também afirmou que abre os próprios sigilos.

"Querem me atingir? Venham para cima de mim! Querem quebrar meu sigilo, eu sei que tem que ter um fato, mas eu abro o meu sigilo. Não vão me pegar. Mas grandes setores da mídia, ao qual vocês integram, não estão satisfeitos com o meu governo que é um governo de austeridade, é um governo de responsabilidade com o dinheiro público, é um governo que não vai mentir e não vai aceitar negociações, não vai aceitar conchavos para atender interesse de quem quer que seja. E ponto final."

Cortes na educação

O presidente também comentou as manifestações de quarta-feira contra os bloqueios de verba para a educação (entenda os bloqueios). Segundo levantamento do G1, houve atos em ao menos 222 cidades, incluindo todas as capitais.

"A educação parece que até 31 de dezembro estava uma maravilha. De lá para cá virou esse horror. Vê as notas do Pisa, começaram em 2000. Somos os últimos classificados num grupo de aproximadamente 65 países. Cobre a tabuada da garotada, da nona série 70% não sabem mais regra de três. Quem diz não sou, é o Pisa. Não sabe interpretar um texto, não sabe responder perguntas básicas em ciência. Eu que sou o responsável por isso?"

O presidente disse que foi obrigado a fazer os bloqueios.

"Tem que contingenciar, infelizmente tem que contingenciar tudo quanto é área. Não é só um pouquinho na educação e um montão na Defesa. Tem que contingenciar, não tem dinheiro. Você sem crédito, sem dinheiro, devendo, você vai no botequim ou na padaria do seu Manoel e não vai vender o pão fiado para você. É o que está acontecendo com o Brasil."

Manifestações e Lula livre

Mais tarde, em outra entrevista, Bolsonaro voltou a falar sobre os protestos desta quarta. Disse que foram voltados "para Lula livre", em referência aos que defendem a libertação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba.

"A questão dessas manifestações.... foi voltada para Lula livre. Eu fico triste que os os espertalhões de sempre ficam usando da boa-fé da garotada para protestar uma coisa que interessa a eles e não ao futuro do Brasil."

"Educação é importantíssimo. E a educação nossa não vai bem há muito tempo. Eu quero que a educação melhore no Brasil. Eu quero que a molecada cada vez aprenda mais para que no futuro ela ganhe a sua vida com o sustento fruto do seu conhecimento. Nós queremos isso. Agora, está mal a educação. Eu também não gostaria de cortar nada, ou contingenciar nada, em lugar nenhum, mas é uma realidade. Se não fizer isso, estaria incurso na Lei de Responsabilidade Fiscal e responderia talvez com impeachment até. Acho que ninguém quer isso no Brasil", disse o presidente.