Queda nos juros deve continuar, avalia economista-chefe do Bradesco
“A gente tem uma projeção de Selic a 4,75% ao final deste ano, agora, se a economia não se recuperar"
Depois de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) reduzir, em setembro, a taxa básica de juros – Selic – de 6% para 5,5% ao ano, o mercado financeiro avalia que há espaço para uma ainda maior diminuição do índice. Para o economista-chefe do Bradesco, Fernando Honorato, por exemplo, o movimento de descida deve persistir.
“A gente tem uma projeção de Selic a 4,75% ao final deste ano, agora, se a economia não se recuperar, a gente pode ter uma taxa real, a Selic nominal, mais baixa. Se a Selic for a 4% ou abaixo disso, a taxa real fica próxima de zero. Não é o nosso cenário hoje, porque acreditamos que a economia vai se recuperar, mas se não retomar, como a inflação segue muito baixa e o governo com os gastos contidos, é possível a gente testar novos patamares de juros real, sim, mais baixo até do que temos hoje”, explicou.
De acordo com Honorato, mesmo com os juros baixos, a economia brasileira pode apresentar melhora no ano que vem. “Com os juros mais baixos, alguma geração de emprego, uma melhora no ambiente econômico, eu acho que tem espaço para a gente ver o crescimento da economia, sim, quem sabe se aproximando de 2% em 2020. O setor privado precisa ser o protagonista do crescimento, é o que a gente espera que aconteça ao longo do próximo ano e o que já vem acontecendo em alguma medida, mas vai acontecer e se intensificar em 2020.”
O setor imobiliário é um dos setores mais beneficiados pela redução da Selic. Segundo o o presidente do Sindicato da Habitação de São Paulo, Basílio Jafet, os financiamentos também são diretamente impactados. “A queda dos juros, os juros influem enormemente na prestação, portanto se o juros caem 1%, a queda da prestação é algo em torno de 15%, é extremamente relevante”, afirmou.A Caixa Econômica Federal lidera o segmento de imóveis e tem apresentado modelos, como o indexador da inflação. Bradesco e Santander também reduziram suas taxas dentro da disputa no setor, que acumula bom desempenho 2019.