Operação no RJ tem cerco a policiais e tiroteio; 26 são presos
Duas equipes da Polícia Civil tiveram que ser resgatadas de dentro de favela
A Polícia Civil do Rio de Janeiro realiza na manhã desta terça-feira, 8, a Operação Cadeia S.A., contra uma organização criminosa acusada de tráfico de drogas, roubo de cargas e latrocínios. As ordens aos integrantes partiriam de nove chefes do tráfico de dentro dos presídios.
Até agora, 24 suspeitos foram detidos na operação, que cumpre 46 mandados de prisão e dez de busca e apreensão. A ação ocorre em São Gonçalo, Campos, Macaé, Nova Friburgo, Rio Bonito e Maricá.
De acordo com a polícia, a ação foi resultado de uma investigação de um ano. “Conseguimos mostrar que nove pessoas presas realizavam ações criminosas com comparsas que estavam do lado de fora da cadeia. Mandavam roubar, clonar e fazer documentos falsos de carros que seriam vendidos na internet”, afirmou o delegado Márcio Mendonça, à frente da operação.
Com a venda dos automóveis, a quadrilha financiava a compra de armas e drogas. Os criminosos atuavam ainda roubando cargas, que eram revendidas para os comerciantes com taxa de 30% do valor da nota fiscal, caso buscassem na favela, e 50%, se a carga fosse entregue fora da comunidade.
Além disso, o grupo cometia outros crimes: tráfico de drogas, homicídios e venda de telefone roubado para compra de munições. A quadrilha atuava não só na cidade do Rio de Janeiro, como também em Macaé, Niterói, Rio Bonito, Friburgo, Araruama, Campos, São Gonçalo e Maricá.
No bairro Santa Catarina, em São Gonçalo, duas equipes da Polícia Civil ficaram cercadas na favela e precisaram ser resgatadas. Três homens foram presos após troca de tiros.
Um tiroteio chegou a afetar a circulação de trens da Supervia nas proximidades da estação Costa Barros. A situação foi normalizada no início da manhã.
Segundo o delegado, não foi possível identificar nenhum comerciante que comprava a carga roubada. “Eles falavam com os comparsas que estavam do lado de fora da cadeia. Nosso alvo eram os criminosos que já estavam presos”, explicou.
A expansão da quadrilha, que atuava em nove municípios fluminenses, aconteceu depois que os criminosos, já presos, fizeram uma aliança dentro do Complexo Penitenciário do Gericino, onde cumprem pena. “Eles levaram a logística do tráfico de drogas, com barricadas, uso de radinho e de informantes, muito usada na cidade do Rio, para o interior”, disse Fabrício Costa, outro delegado que acompanhou o caso.
Para Mendonça, apesar da falha de ação da Secretaria de Administração Penitenciária ao deixarem que entrasse celular dentro da cadeia, eles foram fundamentais para a operação. ”O problema não é a secretaria, e sim servidores corruptos que permitem que isso aconteça”, disse Mendonça.
Sete celulares e sete chips avulsos foram apreendidos, além de 80 papelotes de cocaína, 60 de maconha e sete cadernos com anotações feitas dentro do presídio do complexo de Bangu.