Polícia

PM é afastado após atirar a esmo na zona leste de SP

O disparo acertou o braço do homem de raspão

Por Estadão 31/01/2020 10h10
PM é afastado após atirar a esmo na zona leste de SP
PM é afastado após atirar a esmo na zona leste de SP - Foto: reprodução

A gestão João Doria (PSDB) decidiu afastar um policial militar filmado atirando a esmo durante um samba em São Mateus, na zona leste de São Paulo, no fim de semana. Um homem de 32 anos foi alvejado na ocorrência e ficou com a bala alojada no tórax.

O caso aconteceu na madrugada de domingo, 26, na Rua Silva Ortiz, na periferia da capital, para onde a PM havia sido chamada por causa do barulho. A Polícia Civil investiga se o disparo que atingiu a vítima partiu da arma do policial envolvido na ocorrência.

Um morador usou o celular para filmar parte da ação. Nas imagens, um policial, próximo a uma viatura do 38º Batalhão (BPM/M), ergue a arma na altura do peito e aperta o gatilho a esmo, mesmo sem aparentemente haver sinais de tumulto ou de outra situação que justificasse o disparo. "Amanhã vou preso (...). Para mim, tanto faz", diz o PM depois de atirar.

Nesta terça-feira, 28, o governador João Doria afirmou ter assistido às imagens e disse que determinou o afastamento do agente. "Eu vi o vídeo, eu estava em Davos, orientei, pedi ao general (João Camilo Pires de Campos, secretário da Segurança Pública de São Paulo), que já tinha tomado providências, no sentido de afastar esse policial", afirmou. "(É preciso) proceder a investigação, nós temos também que ser justos no processo e puni-lo de acordo com aquilo que corresponde a sua falta."

Doria disse, ainda, que o governo "não apoia nenhuma medida irregular" "Nem de força, nem de violência, nem física, nem por armas, nem verbalmente", afirmou. "Nós entendemos que a polícia tem que ter um comportamento exemplar e ser querida pela população, e não temida pela população."

Segundo o boletim de ocorrência, registrado no 49.º Distrito Policial (São Mateus), a vítima havia participado de uma confraternização de um time de futebol e depois foi, junto com familiares e amigos, ouvir música em um carro de som na Rua Silva Ortiz.

Acionados por perturbação de sossego, PMs chegaram ao local e passaram a multar os veículos que estavam estacionados na via. Na delegacia, uma testemunha declarou ter ouvido um disparo e, logo em seguida, mais quatro ou cinco tiros, no momento em que "as pessoas se retiravam para ir embora".

Nessa hora, a vítima percebeu que havia sido atingida e se dirigiu, por conta própria, a um posto de saúde. Depois, o homem foi encaminhado ao Hospital Santa Marcelina.

O disparo acertou o braço do homem de raspão, mas um exame de raio-x mostrou que a bala ficou alojada no tórax. A vítima ficou internada para passar por cirurgia de remoção do projétil.

No boletim, o delegado responsável escreveu que "os fatos narrados são gravíssimos". "Diante das declarações prestadas pela vítima (...) está clara, ao menos neste momento, que a ação policial foi absolutamente irregular", diz o documento. O caso foi registrado como tentativa de homicídio qualificado, por motivo fútil, e abuso de autoridade.

Em dezembro, o Estado publicou a lista da Ouvidoria das Polícias de São Paulo com os batalhões da PM que registraram mais mortes de civis durante duas ações. Nela, o 38.º BPM/M aparece como o quinto batalhão mais letal do Estado, com 12 mortes.