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Após virar meme, "médico gato do Samu" bomba como dermatologista e influencer

Arthur Benozatti foi atacado nas redes sociais após revelar ser homossexual em entrevista e assumiu apelido Masculynah

Por UOL 05/04/2020 14h02
Após virar meme, 'médico gato do Samu' bomba como dermatologista e influencer
Arthur Benozatti assumiu apelido - Foto: Reprodução

Arthur Benozatti, 29, é o homem que ficou famoso como o médico gato do Samu, em 2017, quando uma foto dele, uniformizado de socorrista, ganhou as redes sociais. Depois de conquistar as mulheres pela beleza, Arthur viralizou de novo: desta vez, uma entrevista em vídeo fez a audiência perceber que o galã era, também, homossexual. Surgiu, aí, um novo apelido: Masculynah. O mesmo vídeo também rendeu outro ataque: Arthur estava diferente da primeira imagem que se espalhou, pois havia ganhado dez quilos.

O médico, porém, assumiu o apelido jocoso, fez piada e transformou a fama em negócio. Apesar dos haters que ainda atrai, a sacada rendeu fãs. De lá para cá, tornou-se um dermatologista que faz turnê de procedimentos estéticos pelo Brasil e ganha, segundo ele, "muito dinheiro" como influencer digital: o montante seria em torno de R$ 30 mil mensais. Recentemente, fez um clipe musical amador para a internet e foi sondado para gravar de novo.

Ao citar seus feitos durante a entrevista, Arthur usa a primeira pessoa do plural, "nós", para incluir Clayson. "A gente é praticamente um só, tem um dinheiro só, uma moradia só. Compartilhamos tudo: até as roupas e os sapatos são do mesmo tamanho."

Clayson parece mais tímido do que o namorado, mas Arthur garante que, fora da internet, é o contrário. A dupla criou, também, mais um meme de sucesso: "O ADM está online: liberah a badernah", um convite aos usuários a publicarem vídeos dançando ao som da música eletrônica "Baila Conmigo" (hit do DJ colombiano Dayvi). O "h" no final das palavras, como no apelido, é hit nas redes.

A família de Arthur Benozatti é de Sousa, uma cidade de 70 mil habitantes no interior da Paraíba. Os pais criaram os três filhos com uma fazenda de coqueiros, cujos frutos eram entregues pelo próprio pai em um caminhão, para diferentes cidades da região. "A gente era de classe média. Nem rico nem pobre. Meu pai trabalhava bastante, mas nunca passamos necessidades."

Os ataques que sofreu na internet por ser gay não o afetaram, ele garante, pois não são novidade. "Desde os 11 anos sabia que era gay e já era vaidoso. Ser um homossexual assumido incomodava as pessoas, mas nunca me preocupei com o que achavam, não. Nem fico me fazendo de vítima. Na faculdade, me dediquei muito. Queria que quem pensou mal de mim quebrasse a cara. Sempre quis mostrar que o Arthur é muito mais do que ser gay."

Arthur não vê problemas no fato de ser médico e, ao mesmo tempo, "badernar" na internet. "Essa seriedade [da área da saúde] é coisa do passado. Conheço muitos médicos, dentistas, advogados que são 'digital influencers'. Todas as profissões se adaptaram ao mundo moderno. Posso fazer graça. É saudável, não desmerece ninguém, é um humor sadio. Nunca tive problemas com meus pacientes por causa disso."

As piadas na internet começaram quando, depois de as mulheres ficarem seduzidas pela primeira foto que viralizou do médico, descobrirem, em seguida, que Arthur é gay — e o acusarem de ser enrustido. Ele nega: "Eu nunca fingi ser hétero." Surpreendentemente para o médico, as críticas por ele ser homossexual vieram, justamente, de homossexuais.

"Por incrível que pareça, foram os gays que me discriminaram. Tinha hétero, mas a maioria era gay. O meme da 'Masculynah' surgiu como forma de preconceito. As pessoas zombavam, diziam que me fazia de discreto, de fora do meio, mas, na verdade, era afeminado. Eu sou gay, afeminado, e não tenho nenhum problema quanto a isso. Eu nunca, nunca, quero deixar bem claro, fingi ser uma pessoa que não sou. Apenas o fato de eu nunca gravar vídeos deixou as mulheres confusas, mas nunca enganei ninguém."

Arthur fala que as ofensas na internet não o afetam "em nada". Ele faz questão de enfatizar que nunca se abate, mas uma história, porém, admite que o afetou. "Quando fizeram uma montagem com minha foto no Samu e um vídeo de uma entrevista que eu dei, eu havia engordado dez quilos. Mudou o formato do meu rosto, do meu corpo, e zombaram da minha imagem."

Ele se apressa a dizer que a chateação não durou muito: "Se me entristeceu, foi no começo. Depois, pensei: 'Quer saber? Vou deixar isso para lá e curtir'. Em tudo eu me deparei com preconceito. Encarei o sofrimento da vida real, desde criança, na escola, na faculdade. Não era aquilo que ia me destruir."