[Vídeo] Corpo da assistente social Iza Castro é sepultado em Arapiraca
Nas redes sociais, muitas pessoas demonstraram consternação pela morte de decorrência da Covid-19
[Atualizada às 14h30]
O corpo da assistente social e empresária Iza Castro, que morreu devido a complicações pela contaminação pelo coronavírus, foi sepultado no final da manhã desta quinta-feira, 04, no cemitério Santo Antônio em Arapiraca. Conforme o protocolo sanitário para mortes provocadas pela doença, não houve velório e poucos familiares puderam acompanhar o enterro, à distância.
Apesar da solidão dos parentes no momento da despedida, nas redes sociais, muitas pessoas manifestaram pesar pela morte da Iza, que era conhecida principalmente pelo sorriso largo, energia e amor pela profissão que exercia. O veículo funerário que levava o corpo da assistente social passou em frente ao Memorial Djacy Barbosa, conhecido também como Hospital Afra Barbosa, onde ela trabalhava, e foi aplaudido por várias pessoas, incluindo funcionários da unidade. Veja o vídeo da homenagem ao final da matéria.
Iza Castro era filha do radialista Edivaldo Silva, irmã do jornalista Igor Castro, e além de assistente social, mantinha junto com a mãe, Mary Castro, a empresa Madame Castro Culinária Fitness. Como assistente social, passou a ser muito conhecida na cidade pela atuação na Secretaria Municipal de Saúde alguns anos atrás e atualmente trabalhava na administração do hospital Memorial Djacy Barbosa, em Arapiraca. Muito ativa nas redes sociais, desde o início da pandemia compartilhava mensagens que falavam sobre a importância do isolamento social.
“Apesar de alguns não concordarem, é que ao sair de casa esses estão sujeitos a contaminação e podem contaminar outros e outros… Como toda e qualquer doença, o coronavírus tem faixa de risco, mas isso não faz de todos os demais imunes”, publicou em seu Facebook no dia 26 de março, ao compartilhar matérias sobre a morte de crianças com Covid-19.
Como administradora do Memorial Djacy Barbosa, ela também gravou um vídeo emocionado, um mês atrás, relatando como foi informar aos familiares de um caminhoneiro de Santa Catarina que ele tinha falecido em decorrência da Covid-19. Ela afirma, chorando, que pela primeira vez como assistente social estava se sentindo impotente, apesar de ter enfrentado grandes desafios no trabalho, como resgatar usuários de drogas. “Apesar do tanto amor que tenho a profissão, não estou conseguindo lidar com isso”, afirma.
Desabafo
No vídeo, que foi publicado no Instagram, ela falou sobre a dificuldade que é estar na linha de frente no combate ao coronavírus. “Gente, como é doloroso a gente dizer a alguém que ele perdeu um ente. Como é doloroso ouvir dele o quanto eles queriam se despedir. Me dói como assistente social, como ser humano e mais ainda porque vejo pessoas zombando, desmerecendo os profissionais e principalmente brincando com a vida”, disse.
Isa Castro foi internada no mesmo hospital que trabalhava, no dia 23 de maio, e confirmou em suas redes sociais que havia testado positivo para Covid-19. Mais uma vez, publicou mensagem dizendo que o coronavírus “não é brincadeira” e recomendando “se cuidem, fiquem em casa”. Apesar de demonstrar otimismo com a recuperação, nos últimos dias o quadro de saúde dela se agravou e os exames apontaram que a saturação pulmonar dela estava abaixo de 50%, quadro considerado muito grave.
A pedido dela, na quarta-feira (03), foi transferida para o Hospital Santa Rita, no município de Palmeira dos Índios, onde uma tia dela trabalha como médica. Segundo informações, Iza Castro queria ficar mais próxima e receber os cuidados da tia. No entanto, na madrugada desta quinta ela não resistiu.
Repercussão
Nas redes sociais dela e de parentes é grande o número de comentários de pessoas que conheciam a assistente social, lamentando a morte e mandando palavras de conforto. Na grande maioria das mensagens, o amor à profissão e a alegria dela são exaltados.
“Acordei com a triste notícia de que nossa amiga Iza Castro tinha partido. Iza foi amiga, excelente profissional e uma pessoa que irradiava uma alegria inigualável. Deus conforte sua família, que tenho o privilégio de ter como amiga. Sei da dor que cada um está sentindo. Ao meu amigo Edivaldo e família, meus sentimentos”, afirmou o vice-prefeito, Luciano Barbosa.
A vereadora Aurélia Fernandes, que conhecia Iza Castro desde criança e trabalhou junto com ela na época em que assumiu a Secretaria Municipal de Saúde, também lamentou a morte da amiga. “É uma perda lastimável, que deixa a gente consternada, sem chão. A energia dela, a vontade de viver que ela tinha, a vontade de executar projetos, o amor que ela tinha pela profissão eram as marcas da Isa. Todos que a conheciam pensavam assim e irão sentir muita falta dela”, ressaltou.
A jornalista Mônica Nunes, que tinha convivência com a assistente social pela amizade com a família e pelo trabalho com o irmão dela, o jornalista Igor Castro, afirmou esperar que a repercussão da morte conscientize para o risco da doença. “Iza era uma mulher forte e humana. Um exemplo de muita coragem e sensibilidade. Exercia com serenidade a profissão. Uma perda grande para o município. Espero que sirva de alerta para a população, que minimiza os impactos e perdas desse momento”, comentou.