Médicos relatam pressão para ministrar cloroquina a pacientes com covid-19
69,2% dos médicos acreditam que as fake news são as principais causadoras de desentendimentos
Uma pesquisa realizada pela Associação Paulista de Medicina (APM) mostrou que 48,9% dos médicos receberam algum tipo de ameaça de pacientes ou de familiares para realizar tratamento com o uso de cloroquina, hidroxicloroquina ou outro medicamento sem comprovação científica no combate ao novo coronavírus.
Segundo o estudo, para 69,2% dos médicos, as notícias falsas são as principais causadoras desses desentendimentos. “Interferem negativamente, pois levam algumas pessoas a minimizar (ou negar) o problema e, assim, a não observar as recomendações de isolamento social e higiene, ou a não procurar os serviços de saúde”, relata a associação.
Entre os relatos de violência, 37% presenciaram episódios de agressões a médicos ou a outros profissionais da saúde ou administrativos, 21,5% relataram truculência psicológica, 20,7% narraram agressão verbal e 11,5% contaram ataques nas redes sociais.
Notícias falsas, remédios ineficazes
O maior estudo brasileiro já feito sobre o uso da hidroxicloroquina em pacientes com sintomas leves ou moderados de covid-19 atestou aquilo que a Organização Mundial de Saúde (OMS) e outros órgãos internacionais já haviam apontado: a droga não tem eficácia no combate contra o novo coronavírus.
A conclusão é de uma pesquisa feita pela coalizão liderada pelos hospitais Albert Einstein, HCor, Sírio-Libanês. Moinhos de Vento, Oswaldo Cruz e Beneficência Portuguesa, pelo Brazilian Clinical Research Institute (BCRI) e pela Rede Brasileira de Pesquisa em Terapia Intensiva (BRICNet)