Alzheimer: com 10 milhões de novos casos por ano, diagnóstico e tratamento são essenciais mesmo na pandemia
Os dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) mostram números bastante expressivos
Cerca de 50 milhões de pessoas sofrem de demência, síndrome que afeta memória e habilidades cognitivas e de comportamento, de acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS). Em seu tipo mais comum, o problema é conhecido como Doença de Alzheimer, responsável por mais da metade dos casos da enfermidade no mundo. Com o intuito de gerar conscientização sobre a doença, no dia 21 de setembro é celebrado o Dia Mundial da Doença de Alzheimer. Neste ano, mais do que a importância do diagnóstico precoce, vale reforçar o papel da continuidade do tratamento, mesmo diante da atual pandemia de Covid-19.
Assim como em outras doenças crônicas, a Doença de Alzheimer requer tratamento contínuo. Cuidadores e pacientes devem ser orientados a seguir os protocolos de segurança, como forma de evitar a contaminação por Coronavírus. Além disso, as consultas médicas periódicas e uso de medicamentos não devem ser interrompidos. “O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece acesso ao tratamento medicamentoso para a doença. Os pacientes podem dispor de consulta médica e de terapia medicamentosa, tendo acesso ao uso de adesivos transdérmicos, que agem inibindo a enzima responsável por degradar a acetilcolina (neurotransmissor essencial nos processos cognitivos, principalmente a memória), entre outros medicamentos”, afirma Rafaela Silva, médica psicogeriatra e gerente médica da Sandoz do Brasil.
Ainda segundo a OMS, a demência é uma das mais significativas crises globais de saúde da atualidade, com o surgimento de novos casos a cada três segundos e podendo triplicar, até 2050, atingindo 152 milhões de pessoas. Para contornar o problema, é preciso quebrar os estigmas que existem em torno da doença e iniciar o tratamento o quanto antes, para desacelerar o avanço dos sintomas.
Características da doença e diagnóstico
A Doença de Alzheimer é neurodegenerativa e progressiva, ou seja, causa deterioração gradual das células cerebrais, afetando a memória e funções cognitivas. Ao longo do tempo, alterações comportamentais e neuropsiquiátricas também caracterizam a doença. Ainda não há cura para a Doença de Alzheimer, mas o diagnóstico precoce e tratamento contínuo são fundamentais para melhor manejo dos sintomas e retardar seu avanço.
Dentre os principais sintomas estão: perda de memória recente; irritabilidade; repetição da mesma pergunta por várias vezes; falhas de linguagem; dificuldade em acompanhar raciocínios complexos; incapacidade de resolução de problemas; tendência ao isolamento; dificuldade de encontrar caminhos já conhecidos; perda de memória remota, entre outros.
A demência na doença de Alzheimer costuma evoluir, de forma lenta, em até quatros estágios. São eles:
Estágio 1 (inicial): alterações de memória, habilidades espaciais e visuais, e de personalidade;
Estágio 2 (moderado): dificuldade de fala, raciocínio, realização de tarefas simples e coordenação de movimentos. Agitação e insônia também costumam aparecer nesta fase;
Estágio 3 (grave): incontinência urinária e fecal, dificuldade de alimentação, deficiência motora;
Estágio 4 (terminal): restrição ao leito. Infecções intercorrentes, deglutição dolorida e mutismo.
Além de diagnóstico, tratamento correto e contínuo, neste momento de pandemia, o olhar atento da família é ainda mais importante. “Para aqueles que têm um parente que sofre com a doença, além do tratamento em si, é importante que mantenham o contato de forma remota, como por videochamadas, por exemplo, e que incentivem o paciente a realizar atividades que estimulam o cérebro, como jogar caça-palavras ou montar um quebra-cabeça. O humor também é afetado na Doença de Alzheimer, então, é importante demonstrar afeto, mesmo que a distância. Uma alimentação balanceada e prática de exercícios físicos também podem ajudar”, completa Rafaela Silva.
O diagnóstico da Demência de Alzheimer é feito por exclusão, isto é, após outras possíveis causas de demência serem descartadas, para isso são necessários exames neurológicos de imagem, exames laboratoriais e avaliação médica. Ao apresentar quaisquer sintomas, é necessário procurar auxílio profissional. De acordo com a Constituição Federal, o Sistema Público de Saúde deve fornecer o acesso gratuito ao tratamento completo para a doença, envolvendo a medicação indicada. Para isso, o paciente deverá procurar orientação médica no processo de obtenção do medicamento. O Protocolo Clínico de Diretriz de Tratamento (PCDT) do Ministério da Saúde prevê que médicos especialistas no tratamento de demências possam prescrever o tratamento medicamentoso.