"Fomos excluídos da Lei Aldir Blanc por perseguição política", diz produtor cultural de Arapiraca
O edital da Lei Aldir Blanc, referente ao auxílio emergencial para artistas e produtores culturais de Arapiraca, tem dado o que falar. O resultado final, publicado nesta quarta-feira (31), pela Secretaria Municipal de Cultura, Lazer e Juventude, retirou da lista muitos dos pré-classificados, que já contavam com o recurso.
Um dos desclassificados é o produtor cultural Moisés Damasceno, representante da quadrilha junina Renascer do Sertão, do Conjunto Habitacional Vale da Perucaba. Ele está em Campo Grande-MS, acompanhando sua mãe, que está realizando tratamento quimioterápico devido a descoberta de um câncer, e, de acordo com ele, esta foi a alegação dada, informalmente, para sua desclassificação.
"Quando eu recebi o resultado final e percebi que meu nome tinha sido desclassificado, entrei em contato com pessoas da secretaria e fui informado que o edital era exclusivo para moradores de Arapiraca. Mas isso não faz sentido porque eu moro em Arapiraca. Estou fora do estado há cinco meses por precisar acompanhar minha mãe em seu tratamento de saúde", disse ele.
Para Moisés, sua desclassificação foi motivada por perseguição política, já que ele e os demais componentes da quadrilha Mandacaru Junino do Sertão declararam apoio abertamente ao candidato a prefeito Luciano Barbosa, eleito no pleito deste ano.
"Inclusive, meu nome foi substituído pelo da representante de uma outra junina, cujos componentes declararam apoio a uma candidata a vereadora do grupo da prefeita Fabiana Pessoa. Estou triste por saber que os critérios utilizados não foram justos", declarou Moisés.
Segundo ele, outros dois colegas que também haviam sido classificados no resultado preliminar, também foram removidos do resultado final. Por coincidência, todos declararam apoio a Luciano Barbosa nas eleições deste ano.
"Não desistiremos porque o trabalho desenvolvido é para o desenvolvimento da nossa comunidade. Seguiremos lutando por espaço e valorização", finalizou Moisés, que vai procurar a Justiça para formalizar denúncia contra irregularidades no resultado final.
"Não houve reconhecimento aos artistas da terra", diz outro desclassificado
Outro produtor cultural, que preferiu ter a identidade preservada, denuncia que algumas pessoas que foram classificados no resultado final nem com cultura trabalham.
"A lei veio para beneficiar os artistas e produtores culturais da terra. Apesar da secretaria conhecer todos esses profissionais, muitas pessoas que não trabalham no meio foram classificadas e vão receber os recursos", disse ele, sem citar nomes.
Mixuruca
Outro que ficou de fora do edital foi o artista circense Junior Silveira, conhecido em Arapiraca como Palhaço Mixuruca. Seu nome sequer foi aprovado no Resultado Preliminar, publicado com atrasa no último domingo (27).
Com a surpresa da desclassificação, ele utilizou as redes sociais para desabafar.
"Quem me conhece é porque já me viu trabalhando seja em um trio elétrico, em um shopping, em um circo, no teatro, na rua, em um bar, em uma formatura, em um aniversário, em um programa de TV, em uma escola, em um hospital. Já realizei festivais de música, de palhaços, ações sociais, sou uma figura reconhecida pelo trabalho, pelo amor que tenho a tudo que faço, e assim são meus familiares. Meu nome não saiu como selecionado no edital da Lei Aldir Blanc da minha própria cidade, uma lei que foi criada para auxiliar trabalhadores da cultura do Brasil! Mas continuo acreditando que serei reconhecido pela secretaria de Cultura do meu município", escreveu ele à época.