Mais de 10,4 mil consumidores estão sem energia elétrica devido à cheia dos rios no Acre
O desligamento da rede elétrica é uma medida de segurança para a população, segundo Energisa
A enchente dos rios no Acre afetou diretamente a distribuição de energia no estado. A Energisa informou que suspendeu a energia elétrica em 10.489 clientes de quatro cidades: Cruzeiro do Sul, Tarauacá, Sena Madureira e Rio Branco.
O Acre enfrenta, simultaneamente, o alto número de casos de Covid-19, surto de dengue, crise migratória na fronteira e agora a cheia dos rios do estado que já atinge mais de 118 mil pessoas.
As chuvas e inundação dos rios deixaram a situação crítica em algumas cidades do estado. Na atualização desta segunda-feira (22), o Rio Acre está em 15,31 metros, ainda 1,31 metro acima da cota de transbordo, que é de 14 metros.
A Defesa Civil ainda não atualizou o rio das outras cidades, mas segundo a última atualização de domingo (21), o rio Juruá em Cruzeiro do Sul marcava 14,31; o rio Tarauacá 10 metros e o Iaco 18,04 metros.
“A situação das chuvas no estado é muito crítica e regiões inteiras estão alagadas. O desligamento da rede elétrica é uma medida de segurança para a população, necessária para evitar riscos de acidentes elétricos. A Energisa está com uma equipe de emergência atuando e monitorando a situação 24 horas por dia e, tão logo a situação dos rios comece a se normalizar, a empresa está pronta para iniciar o restabelecimento da energia”, destaca a distribuidora na nota.
A cidade onde mais consumidores tiveram a energia elétrica cortada foi em Tarauacá, com 5.888 desligamentos.
Tarauacá é a cidade com mais desligamentos de energia — Foto: Hilton Gomes
Quantidade de desligamentos por cidade:
Rio Branco - 83
Sena Madureira – 2.622
Cruzeiro do Sul – 1.896
“A Energisa Acre reforça sobre os cuidados que a população deve ter para evitar acidentes com a energia elétrica durante esse período, como por exemplo, ficar distante dos cabos e fios elétricos. A combinação água e eletricidade é a responsável por acidentes graves e, em boa parte das vezes, fatais."
Mais chuvas
O Instituto Nacional de Meteorologia (Inmet) manteve o alerta laranja para perigo com relação ao acumulado de chuva. O aviso começou a valer no domingo (21) e vale até a manhã desta segunda-feira (22). As regiões afetadas com as fortes chuvas, segundo o Inmet, devem ser a do Vale Do Acre, que engloba Sena Madureira, Rio Branco e Brasileia e Vale do Juruá, com Tarauacá e Cruzeiro do Sul.
‘Como se fosse uma guerra’
O governador do Acre, Gladson Cameli, diz que o cenário no estado não é fácil.
“O estado é pequeno, pobre e precisa-se do apoio das pessoas, principalmente do governo federal e unificar as instituições para que a gente chegue com atendimento imediato à população. Nós fizemos toda uma estrutura de abrigos para os atingidos cumprindo as regras da Covid-19, que tem que ter distanciamento, para que a gente possa dar uma tranquilidade e segurança às pessoas que estão sem sua moradia e ao mesmo tempo alimentação, remédios e também kit de limpeza. Estamos vivenciando uma situação como se fosse uma guerra”, desabafa.
Sobre a mobilização na internet, ele diz que toda ajuda ao estado é bem-vinda e que chegou a se emocionar com a mobilização.
“Isso nos orgulha, são milhares de homens e mulheres que têm esse olhar, esse carinho especial pelo estado do Acre. Somos um estado pequeno na Amazônia, que faz fronteira com dois países, que tem 92% do sistema de saúde que é público e que a gente precisa desse olhar das pessoas em prol da enchente, dengue, crise na fronteira e também Covid-19”, destaca.
O governador destacou ainda que tem acompanhado o drama das famílias e que não tem sido fácil.
“Que Deus nos proteja e nos abençoe e que a gente possa virar logo essa página, porque eu tô firme e forte porque tenho Deus, mas sou ser humano. Lagrimei quando vi a situação das pessoas, elas querem tão pouco”, finaliza.
As campanhas em canais oficiais estão sendo feitas pelo:
Ministério Público do Acre
Tribunal de Justiça do Acre
Governo do estado
Imigrantes ainda ocupam ponte em Assis Brasil, no Acre — Foto: Raylanderson Frota/Arquivo pessoal
Pandemia, enchente, surto de dengue e crise migratória
O Acre segue registrado alto número de casos de Covid. O Acre registrou mais 43 novos casos de Covid-19 neste domingo (21), de acordo com a Secretaria de Estado de Saúde (Sesacre). O número de pessoas infectadas passou de 54.743 para 54.786 nas últimas 24 horas. O total de mortes no estado agora é de 963, porque o Estado confirmou mais seis mortes.
Também nesta semana, alguns rios ultrapassaram a cota de transbordo atingindo milhares de família. A cidade de Tarauacá, no interior do Acre, chegou a ficar com 90% do território tomado pela água. Em número atualizados neste domingo, a Defesa Civil estima ainda 118.496 pessoas atingidas pelas enchentes, mas o Acre chegou a ter 130 mil pessoas atingidas de alguma forma pela cheia dos rios na capital e no interior do estado. A Defesa Civil considera atingidas pela cheia casas onde a água chegou, desabrigando ou não os moradores.
O Acre também registrou 8,6 mil casos suspeitos de dengue em menos de dois meses de 2021.Outro dado que chama atenção é que dos 22 municípios do Acre 20 estão infestados pelo mosquito Aedes aegypti. A capital acreana já declarou situação de emergência devido o aumento no casos de dengue.
Também nesta semana se agravou o cenário dos imigrantes que estão retidos na fronteira do Acre com o Peru desde o ano passado, quando o país vizinho decidiu fechar as fronteiras e impedir a passagem deles para o lado peruano. Os imigrantes já estavam sendo atendidos pela prefeitura de Assis Brasil, mas no último domingo (14) se rebelaram e ocuparam a ponte da cidade.
Pelo menos 60 imigrantes que fazem rota reversa pelo Acre e tentam entrar no Peru continuam a acampados na Ponte da Integração, uma semana depois de ocuparem o local. Ao todo a cidade ainda tem quase 300 imigrantes depois de ter mais de 500.
Colaborou Jefson Dourado, da Rede Amazônica Acre.