Brasil

Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica pedem demissão conjunta em protesto contra Bolsonaro

Renúncia inédita na história brasileira teve como pivô tentativa do presidente de impedir lockdown

Por 7Segundos 30/03/2021 13h01
Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica pedem demissão conjunta em protesto contra Bolsonaro
Comandantes das Forças Armadas junto com Bolsonaro antes da crise - Foto: reprodução

Em uma crise inédita desde o período da ditadura no Brasil, os três comandantes das Forças Armadas Brasileiras apresentaram renúncia conjunta de seus cargos por discordância com o presidente da República. Os generais Edson Leal Pujol, do Exército, Ilques Barbosa, da Marinha e Antônio Carlos Bermudez, da Aeronáutica colocaram seus cargos à disposição do novo ministro da Defesa, general da reserva Walter Braga Netto, na manhã desta terça-feira (30).

O pedido de demissão aconteceu durante uma reunião em que também estava presente o general da reserva Fernando Azevedo, que foi exonerado do cargo de ministro da Defesa na segunda-feira (29). Braga Netto tentou fazer com que os comandantes mudassem de ideia, o que teria provocado momentos de tensão entre os militares, mas ao final da reunião eles teriam deixado claro que “não participarão de nenhuma aventura golpista, mas buscam uma saída de acomodação da crise”, conforme publicou a Folha de S.Paulo.

Em comunicado do Ministério da Defesa, foi informado que os comandantes serão substituídos, mas não informa que eles pediram demissão.

Para os comandantes das Forças Armadas, o ex-ministro Fernando Azevedo funcionava como elo entre as alas militares no governo, o serviço ativo e Judiciário. E aliados dele classificaram que Bolsonaro teria ultrapassado a “linha vermelha”.

Fernando Azevedo teria “desobedecido” ordem do presidente para se manifestar favorável à ideia de decretar estado de defesa, como uma maneira de impedir que os governos estaduais estabelecessem lockdown, como medida de enfrentamento da pandemia de Covid-19.

Bolsonaro usou a expressão “meu Exército” para afirmar que não permitira que os governadores adotassem as medidas restritivas, no mesmo período em que o Supremo Tribunal Federal derrubou a intenção do presidente de derrubar o lockdown.