Política

Bolsonaro atua por nomes de fora da base aliada para barrar Renan e Randolfe no comando da CPI

A estratégia é evitar que senadores como Randolfe Rodrigues e Renan Calheiros, críticos recorrentes do presidente, ocupem cargos de destaque

Por Jornal de Brasília 14/04/2021 09h09
Bolsonaro atua por nomes de fora da base aliada para barrar Renan e Randolfe no comando da CPI
Bolsonaro atua por nomes de fora da base aliada para barrar Renan e Randolfe no comando da CPI - Foto: Jane de Araújo

Com pouca chance de emplacar uma maioria governista na CPI da Covid do Senado, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem defendido que os postos de presidente e relator da comissão parlamentar sejam ocupados por senadores que não sejam alinhados nem ao governo nem à oposição.

A estratégia ao pregar uma alternativa que represente um meio-termo é evitar que senadores como Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Renan Calheiros (MDB-AL), críticos recorrentes do presidente, ocupem cargos de destaque e aumentem ainda mais o desgaste que a investigação pode provocar.

Nesta terça-feira (13), horas depois da sessão que criou a comissão de inquérito, assessores do presidente já defendiam que a investigação deve seguir uma linha neutra e que não seja contaminada pelo que chamam de paixões políticas.

O receio principal do Palácio do Planalto é que a investigação sobre a condução do combate ao coronavírus pelo Poder Executivo afete a popularidade do presidente a um ano da campanha à reeleição e leve o governo a responder por eventuais acusações criminais.

A avaliação na equipe presidencial é que, por contar com a maior bancada federal no Senado, é natural que o MDB ocupe um dos postos.

Para evitar que o escolhido seja Renan, integrantes da articulação política não descartam um apoio a ​​Eduardo Braga (AM) para o posto de relator. O senador é considerado pelo presidente um nome mais aberto ao diálogo.

Em cerimônia de posse do ministro do Turismo, Gilson Machado, no fim de 2020, Bolsonaro elogiou Braga, que estava sentado na cerimônia ao lado dos senadores Eduardo Gomes (MDB-TO) e Fernando Bezerra (MDB-PE).

“Tenho certeza de que esse trio maravilhoso, que está na minha frente aqui, resolvendo a questão da Mesa da Câmara e do Senado, vai ser bem resolvido, tenho certeza disso”, afirmou.

Para o cargo de presidente da comissão de inquérito, a articulação política do Palácio do Planalto tem atuado para evitar a escolha de Randolfe, autor do requerimento de criação da CPI da Covid. O senador já manifestou interesse no posto.

O Planalto também não tem simpatia por uma indicação para a função do senador Tasso Jereissati ​(PSDB-CE), que deve compor a comissão de inquérito e já disse que é preciso parar Bolsonaro.

A base aliada cita como nomes que poderiam representar um meio-termo para a presidência os dos senadores Marcos Rogério (DEM-RO) e Jorginho Mello (PL-SC)​, apesar de ambos serem considerados governistas por congressistas de oposição.

Apesar de a CPI ter sido criada na terça-feira (13), o governo federal aposta que o STF (Supremo Tribunal Federal), em sessão nesta quarta-feira (14), deve estabelecer que ela inicie os trabalhos mais para frente, quando forem permitidas as reuniões presenciais no Senado.

Mesmo que ocorra um adiamento, o Planalto quer ganhar tempo. A ideia é que já seja preparada uma espécie de cartilha com indicadores e realizações da gestão federal para municiar a tropa de choque do governo na CPI.

O material deve ser preparado em conjunto pelos ministros da Saúde, Marcelo Queiroga, e das Comunicações, Fábio Faria.