Covid -19

PF realiza operação para investigar desvios de recursos para combater Covid-19 em Alagoas

A operação acontece simultaneamente em três estados brasileiros

Por 7 Segundos com Ascom PF/AL 17/06/2021 08h08 - Atualizado em 17/06/2021 08h08
PF realiza operação para investigar desvios de recursos para combater Covid-19 em Alagoas
Agentes da Polícia Federal cumprem mandados em cidades do Agreste de Alagoas - Foto: Ascom PF/AL

Em conjunto com a Controladoria-Geral da União (CGU) e o Ministério Público Federal (MPF), a Polícia Federal (PF), em Alagoas, deflagrou na manhã desta quinta-feira (17), a operação Sufocamento visando desvendar um grupo criminoso que atuou nas simulações de dois procedimentos de dispensa de licitação em um município do Agreste de Alagoas, além de desvios de recursos públicos oriundos do Governo Federal destinados ao enfrentamento da pandemia da Covid-19.

A investigação comprovou que o grupo criminoso simulou dois processos de dispensa de licitação para o fornecimento de uma central de gases e respiradores mecânicos para tratamento de pacientes com Covid-19 no Hospital de Campanha do município, nos quais foram contratadas duas empresas sediadas no Rio de Janeiro (RJ).

Os policiais federais averiguaram que uma das empresas contratadas sequer atuaria no ramo de comercialização de central de gases, sendo, em verdade um comércio de materiais de construção.

Além dos direcionamentos das licitações para tais empresas, houve desvio de recursos públicos também com a utilização de “laranjas”, tanto para a execução dos desvios, como para a posterior ocultação das origens dos valores.

Os policiais apuraram que uma dessas empresas seria de propriedade da esposa de um dos agentes públicos com direta e efetiva participação nas contratações e pagamentos sob investigação.

Durante a investigação foi observado que esse mesmo agente público, em apenas cinco meses, entre abril e agosto de 2020, recebeu R$ 264.000,00 (duzentos e sessenta e quatro mil reais) dos cofres do município, a título de remuneração, inclusive com recursos oriundos do FMS/SUS.

Contratos e recursos


Os contratos em análise somam R$ 600.000,00 (seiscentos mil reais) e os desvios, até o momento, somariam R$ 250.000,00 (duzentos e cinquenta mil reais).

Além disso, a investigação constatou inúmeras outras ilegalidades, tais como ausência de cotações de preços nos procedimentos, propostas de preços simuladas, superfaturamento nas aquisições, notas fiscais graciosas, utilização de “laranja” na constituição da pessoa jurídica, fornecimento de respiradores obsoletos, dentre outras.

O município, localizado no Agreste alagoano recebeu em 2020 o valor de R$ 9.508.040,52 (nove milhões quinhentos e oito mil quarenta reais e cinquenta e dois centavos) do Governo Federal para ações de enfrentamento ao novo coronavírus.



De acordo com a investigação, há robustos indícios da ocorrência dos crimes de desvios de recursos públicos federais (art. 1º, I, do Dec.-Lei n. 201/67), ilícitas dispensas de licitações (art. 89 da Lei 8.666/93 c/c art. 337E, do CPB) e lavagem de dinheiro (art. 1º, da Lei 9613/98), cujas penas máximas somadas totalizam 27 anos de prisão.

Profissionais e municípios na operação


Estão envolvidos na Operação mais de 80 policiais federais e auditores da Controladoria Geral da União, que dão cumprimento simultâneo a 19 mandados de busca e apreensão nos municípios de Maceió/AL (3), Girau do Ponciano/AL (5), Arapiraca/AL (3), Campo Grande/AL (1), Rio de Janeiro/RJ (4), Belford Roxo/RJ (1) e Alegre/ES (2).

Além dos mandados de busca e apreensão, o Poder Judiciário determinou o sequestro de bens móveis e imóveis, inclusive veículos automotores e valores porventura depositados em qualquer instituição financeira, a que título for, de algumas das pessoas físicas e jurídicas investigadas; da mesma forma, decretou a proibição de acesso ou frequência a todo e qualquer órgão público da administração municipal; proibição de manter contato entre si, bem como os demais investigados nestes autos e pessoas que porventura atuem como testemunha na investigação; e a suspensão do exercício de toda e qualquer função pública.

A investigação tramita no Tribunal Regional Federal da 5ª Região em virtude do foro por prerrogativa de função de um dos investigados.

Sem coletiva


Seguindo todos os protocolos de cuidados do Ministério da Saúde em face da pandemia do Covid-19, a Polícia Federal continua trabalhando.

Não haverá coletiva de imprensa; o atendimento, contudo, será individualizado mediante agendamento do veículo de comunicação diretamente com a Comunicação Social da Polícia Federal em Alagoas pelos telefones 82.99327.7671 ou 82.3216-6723.

O nome da Operação (Sufocamento) faz alusão tanto ao efeito devastador provocado pela Covid-19 nos doentes, como ao objetivo pretendido pela investigação de reprimir a atuação dos membros do grupo criminoso que estariam dilapidando recursos públicos federais destinados ao tratamento da população dos municípios citados na operação.