Política

Nova denúncia reforça superpedido de impeachment e antecipa atos contra Bolsonaro

A ideia é aproveitar o calor das revelações para mobilizar a população e pressionar o governo

Por Congresso em Foco 27/06/2021 12h12
Nova denúncia reforça superpedido de impeachment e antecipa atos contra Bolsonaro
Nova denúncia reforça superpedido de impeachment e antecipa atos contra Bolsonaro - Foto: Thiago Rodrigues

A acusação do deputado Luis Miranda e de seu irmão, o servidor do Ministério da Saúde Luis Ricardo Miranda, de que Jair Bolsonaro nada fez após tomar conhecimento da existência de irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin aumentou o cerco sobre o presidente da República. A nova denúncia vai turbinar o "superpedido" de impeachment que a oposição promete apresentar nesta semana, reunindo o argumento central das duas centenas de requerimentos já apresentados até agora, e já antecipou as próximas manifestações contra Bolsonaro.

A campanha "Fora Bolsonaro", que encabeçou os atos pelo impeachment em 29 de maio e 19 de junho, convocou para o próximo dia 3 nova mobilização nacional contra o presidente. A manifestação estava marcada para 24 de julho. A ideia é aproveitar o calor das revelações para mobilizar a população e pressionar o governo.

Participam da campanha as frentes Povo Sem Medo, a Brasil Popular, a Coalizão Negra por Direitos, PT, PCdoB e Psol. "DIA 3 É RUA PARA TIRAR BOLSONARO! Movimentos sociais de todo o Brasil, que compõem a Campanha Fora Bolsonaro, acabaram de decidir pela antecipação das manifestações para o próximo sábado. Vamos às ruas! #3JForaBolsonaro", escreveu Guilherme Boulos (Psol), que lidera a frente Povo Sem Medo.

Em depoimento à CPI da Covid, na sexta, Luis Miranda contou que ele e o irmão se reuniram, no Palácio da Alvorada, com o presidente, em 20 de março, ocasião em que relataram haver indícios de irregularidades na compra do imunizante indiano, além de pressão política para liberar a vacina. Miranda também disse que o presidente prometeu mandar investigar e afirmou que aquilo era "coisa" do líder do governo na Câmara, Ricardo Barros (PP-PR). A revelação do nome do deputado só ocorreu no fim do depoimento, após forte pressão dos senadores. Bolsonaro, no entanto, não mandou investigar e ainda premiou Barros com a indicação de sua esposa, a ex-governadora do Paraná Cida Borghetti, para cargo no conselho de Itaipu, com salário de R$ 27 mil.

Para a oposição, Bolsonaro cometeu crime de prevaricação, ou seja, deixou de praticar algum ato para satisfazer interesse ou sentimento pessoal. Este será o novo argumento a ser incluído no superpedido de impeachment, que deverá ser apresentado na próxima quarta-feira. A senadora Simone Tebet (MDB-MS) disse, em entrevista ao Congresso em Foco, que é preciso fazer uma grande acareação entre os personagens citados pelos irmãos Miranda para saber quem prevaricou. Na avaliação dela, as revelações do depoimento tornaram o presidente Bolsonaro ainda mais refém do Centrão e derrubou o discurso dele de que não há corrupção em seu governo.