O ingresso no serviço público é um sonho frustrado para um grupo de jovens de Arapiraca aprovados em 2017 no concurso para o Corpo de Bombeiros de Alagoas. Com a abertura de um novo edital, eles veem as chances de fazer parte dos Bombeiros Militares se tornarem ainda mais difíceis, mesmo aguardando decisão de uma ação judicial para serem convocados.

"Nós tínhamos muita certeza de que seríamos chamados. Nós cumprimos todas as etapas da seleção e durante todo esse processo, a gente ouvia de todos que seríamos chamados, que a defasagem de pessoal nos Bombeiros era muito grande, maior que a quantidade de vagas no concurso. Nas entrevistas, o governador sempre dizia que iria chamar os aprovados, mas a nossa vez nunca chegou", relata uma das aprovadas no concurso.

Ela conta que ela e outros aprovados no concurso, passaram em todas as etapas, como exames médicos, Teste de Aptidão Física (TAF), investigação social e entrega de documentos. A única coisa que faltava era ser convocada para assumir o cargo, mas isso não aconteceu.

"Tive vários gastos, pedi dinheiro emprestado com amigos e cheguei a vender a moto que eu tinha, porque para fazer os exames médicos que eles pediam, não dava tempo de pesquisar uma clínica que fizesse mais barato porque tinha prazo para entregar, então o jeito era fazer onde entregava mais rápido. Fiz tudo isso porque imageinava que depois todo o esforço seria compensado", relata.

A jovem faz parte de um grupo de aprovados no concurso para Bombeiros Militar em 2017 que procurou a Defensoria Pública do Estado, que em 2019 ajuizou ação civil pública contra o Estado para que eles fossem convocados. A ação tramita da 16ª Vara Cível da Capital e está em grau de recurso, depois que a juíza Maria Ester Fontan Cavalcanti Manso julgou improcedentes o pedido da inicial. A última movimentação do processo foi no dia 26 de março, quando ele foi remetido à turma recursal do Tribunal de Justiça.

"Quando eles anunciaram o novo concurso, a gente achou estranho. Por que fazer outro concurso se nós, que já passamos por todas as etapas não fomos convocados? Se há essa necessidade, é mais econômico e mais rápido convocar a gente, que está só esperando, que fazer um novo concurso e iniciar todo o processo novamente", explicou.

A reportagem entrou em contato com a Secretaria de Estado do Planejamento, Gestão e Patrimônio (Seplag) que informou que o concurso para o Corpo de Bombeiros realizado em 2017 não disponibilizava vagas para a reserva técnica.

"Os candidatos em questão foram aprovados, mas não dentro das vagas disponíveis. Por isso não foram convocados", informou a assessoria de comunicação do órgão. Conforme a Seplag, a ação ajuizada pela Defensoria Pública em favor dos aprovados no concurso que não foram chamados foi julgado improcedente em 2019 justamente porque o edital não previa cadastro de reserva.